São Paulo, 21/09 – As liberações pontuais em relação ao comércio de açúcar e etanol que Brasil e Estados Unidos trocaram nas últimas semanas não são o ideal para o setor sucroenergético, de acordo com o presidente executivo da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (Novabio), Renato Cunha. “Precisamos de uma agenda clara e não de movimentos que apenas retratam liberalidades unilaterais”, afirmou ele ao Broadcast Agro. Cunha é também o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE).

Hoje, em redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um aumento da cota de açúcar brasileiro a ser exportado para os Estados Unidos no ano fiscal de 2020, que foi ampliada em 80 mil toneladas. No último dia 11, o Brasil, por sua vez, já havia aprovado a prorrogação por mais 90 dias da cota pela qual os Estados Unidos podem exportar etanol sem tarifa para o Brasil – a cota deverá ser de 62,5 milhões de litros, ou 187,5 milhões de litros para os três meses.

Para Cunha, o aumento de 80 mil toneladas na cota de açúcar que o Brasil pode exportar aos EUA no ano “equivaleria a uma isenção de 50 milhões de litros de etanol”, sendo que a isenção aprovada pela Camex aos EUA é bem superior, de 187,5 milhões de litros em três meses, observou o dirigente.

Mesmo assim, Bolsonaro exaltou o aumento da cota, escrevendo em rede social: “Trata-se já do primeiro resultado das recém-abertas negociações Brasil-EUA para o setor de açúcar e álcool, conduzidas no Brasil pelo MRE e nos EUA pelo USTR”.

No entanto, conforme mostrou o Broadcast, desde pelo menos 1994 os EUA concedem ao Brasil uma cota adicional para exportação de açúcar sem o pagamento de impostos, e essa “nova cota” é uma redistribuição dos montantes concedidos a outros países e que não foram cumpridos.

Contato: augusto.decker@estadao.com
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