A nova variante do coronavírus detectada na África do Sul parece ser transmitida mais rapidamente do que as cepas anteriores, o que poderia explicar a segunda onda imprevista no país, adiantam os pesquisadores que a identificaram.

“Achamos, e todos os elementos vão nesse sentido, que essa variante é mais transmissível”, disse à AFP nesta quarta-feira (23) Túlio de Oliveira, diretor do instituto de pesquisas KRISP, vinculado à Universidade de Kwazulu-Natal.

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Sua equipe sequenciou centenas de amostras de todo o país desde fevereiro. Os cientistas observaram que “uma determinada variante domina os resultados destes últimos dois meses”, explicou o governo na segunda-feira, ao anunciar a identificação desta nova variante, semelhante a outra detectada no Reino Unido.

Entre “80% e 90% das amostras colhidas a partir da segunda quinzena de novembro” apresentaram esta variante, detalha Túlio de Oliveira.

“Nunca vimos uma única linhagem dominar assim” ou “se espalhar tão rapidamente”, salienta. Até agora, “normalmente”, circulavam ao mesmo tempo entre 20 e 30 variantes, segundo várias sequências.

“O que sabemos sobre esta nova variante chamada 501.V2 é que provavelmente surgiu na região da Baía de Nelson Mandela”, em torno de Port Elizabeth (sudeste). Mais tarde, “se espalhou para o Cabo, a região mais turística do país”, para oeste, mas também para norte em direção a Durban, detalha o pesquisador.

Na quarta-feira, Londres anunciou ter identificado dois casos desta variante “altamente preocupante”, por ser “mais contagiosa”, no Reino Unido e anunciou o estabelecimento “imediato” de restrições de viagens com a África do Sul.

A África do Sul, o país africano mais afetado pelo coronavírus, registrou mais de 10.000 novos casos por dia em dezembro.

Desde o início da pandemia, mais de 940.000 pessoas foram infectadas e mais de 25.000 morreram no país.