A nova cepa da covid-19, originária do Estado do Amazonas, – considerada pelos pesquisadores como mais contagiosa – foi encontrada, agora, em Belém. Oito pacientes foram diagnosticados na capital paraense com a variante P.1. Diante da descoberta, medidas mais severas de isolamento social poderão ser adotadas nos próximos dias. No entanto, está afastada a hipótese de lockdown até o momento.

Das oito pessoas que testaram positivo para a P.1, cinco são de Manaus. Um manauara morreu, dois belenenses tiveram sintomas leves e outros cinco apresentaram o estágio mais grave da doença.

Os casos foram confirmados pelos pesquisadores do Laboratório de Genética Humana e Médica (LGHM), da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Instituto Vale. Os especialistas que acompanham o estudo da evolução do novo coronavírus garantem que a variante achada no começo do ano, em Manaus, tem potencial para infectar pessoas que já tiveram a covid-19. Contudo, a análise aguarda um laudo mais conclusivo.

A nova variante já responde por cerca de metade das novas infecções na capital do Amazonas. Casos da nova cepa também foram detectados em São Paulo em pacientes com histórico de viagem ou residência em Manaus.

Segundo os pesquisadores, a genotipagem do vírus foi realizada em estudo que colheu amostras de 80 pacientes na capital paraense. Ou seja, por essa amostragem, ao menos, 10% dos pacientes com covid-19 em Belém, podem estar com a infecção pela P.1. Do total, 14 pacientes foram diagnosticados com a cepa P.2, que é proveniente do Rio de Janeiro.

Na próxima semana, os pesquisadores partirão para a segunda fase do estudo, com uma amostragem de mil pacientes que estiveram em contato com as pessoas diagnosticadas com a variante. A transmissão comunitária da nova cepa foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), isso quer dizer que, mesmo que a pessoa não tenha tido contato com alguém do Estado vizinho, pode ter sido infectada por um belenense.

Prefeito descarta novo bloqueio total

Em coletiva à imprensa no início da tarde desta sexta-feira, 5, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), falou dos casos e também descartou um novo bloqueio total das atividades na cidade. No entanto, ele reconhece que a decisão será tomada em conjunto com o governo do Estado e com especialistas em saúde pública. Para Edmilson, até agora, não há necessidade de ser decretado lockdown, porém, ele pede que as medidas já impostas no decreto estadual publicado na semana passada sejam respeitadas para garantir a prevenção da população.

“Esta decisão não pode ser só minha. Vamos conversar com a equipe técnica de saúde. Espero que não tenhamos que endurecer as medidas, mas não posso garantir ainda”, disse o prefeito. “Não vou me acovardar se avaliarem que medidas mais rígidas são necessárias, mas da minha parte, não tem (o bloqueio total)”, declarou Edmilson.

Secretaria estadual emite recomendações

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), por meio da Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS), emitiu nota técnica com recomendações para ações de prevenção, em portos e aeroportos do Pará, indicadas a passageiros oriundos de Manaus e da região Oeste do Estado. A partir desta sexta-feira, 47 profissionais da Vigilância Sanitária cumprirão revezamento para fazer a barreira sanitária no Aeroporto Internacional de Belém pelos próximos 30 dias. Esse será o primeiro momento da ação, que ainda será extensiva aos portos.

A medida foi necessária após a confirmação de dois casos da nova cepa da covid-19, identificados pelo Instituto Evandro Chagas, no município de Santarém, no último dia 29 de janeiro. A variante, que circula no Amazonas, foi apontada como uma das razões para o colapso no sistema de saúde do Estado vizinho. Os objetivos dessas medidas sanitárias são garantir a preservação de vidas e impedir o avanço da covid-19 em território paraense.

No Aeroporto Internacional de Belém, os passageiros oriundos do Amazonas e da região do Baixo Amazonas passaram a ser submetidos à entrevista pelas equipes da Sespa, em que esclarecerão se tiveram contato prévio com pessoas suspeitas e/ou doentes e se apresentaram sintomas nos últimos sete dias.

Os dois primeiros casos da variante brasileira da covid-19 no Pará foram confirmados no dia 29 de janeiro, em Santarém, na região do baixo-amazonas. A região está em lockdown desde o dia 1º de fevereiro. Os pacientes são um homem de 58 anos e uma mulher de 26 anos.