A premissa de construir no presente o futuro move a rotina do executivo Fabio Faccio à frente das Lojas Renner. O administrador chegou à rede varejista como trainee em 1999 e, em abril de 2019, assumiu a presidência com as missões de manter o plano de crescimento – inclusive no mercado internacional – e substituir o ex-CEO José Gallo. Em pouco mais de duas décadas no cargo, Gallo tirou a empresa do anonimato e a transformou em uma das maiores varejistas de moda do Brasil. Após quase um ano e meio da gestão Faccio, as adversidades se mostram bastante desafiadoras: aumento do desemprego no País, crise econômica e, para agravar tudo isso, pandemia.

Prever como vai terminar 2020 tornou-se tarefa das mais complicadas para o executivo, que, no ano passado, expandiu os negócios da companhia no Uruguai e os levou à Argentina. Com isso, a receita líquida chegou a R$ 8,5 bilhões, 13% acima dos R$ 7,4 bilhões de 2018. “Vivemos uma fase difícil, mas que vai passar. Logo ali na frente há um momento melhor”, afirmou Faccio. “Temos a obrigação de persistir, não desistir e trabalhar muito para construir empresas melhores e um País melhor.”

O plano de expansão da companhia em 2019 incluiu a abertura de 29 lojas, seis delas no exterior – duas no Uruguai, onde chegou a nove unidades desde o começo das atividades, em 2017, e quatro na Argentina, país no qual iniciou as operações em dezembro. No Brasil, foram 23 lojas. Neste ano, o projeto previa a inauguração de unidades apenas no País, com a média anual de 20 a 30 inaugurações, mas a Covid-19 reduziu os planos a dez, segundo Faccio. A Renner possui 382 pontos no total e pretende chegar a 520 até 2025. “Por mais que neste ano a gente vá abrir um número um pouco menor de lojas, esse target está mantido. Nos próximos anos, teremos um volume maior de inaugurações para recuperar esse volume perdido.”

Fabio Faccio Empresa: Renner Cargo: Presidente Principal realização da gestão: Focar estratégia de crescimento em sustentabilidade, inovação e governança. Meio ambiente e social também são prioridades.

A redução de 40% no investimento previsto para a abertura de novas lojas em 2020 ajudou a melhorar a saúde financeira da empresa, que redirecionou recursos para o digital. No ano passado, as vendas on-line aumentaram 52,8%, em comparação ao mesmo período de 2018. Neste ano, o crescimento se manteve consistente. No primeiro trimestre, praticamente sem interferência da quarentena, a alta chegou a 32,8%. Já entre abril e junho, fase de maior impacto do coronavírus, atingiu três dígitos com o fechamento das lojas físicas, entre 18 de março e 24 de abril. Em julho e agosto, houve avanço de 239% e de 206%, respectivamente. Camicado, Youcom e Ashua, integrantes do portfólio da Renner, também tiveram alta de três dígitos nas transações on-line.

“Já estávamos trabalhando, havia alguns anos, na nossa digitalização. E o que a gente imaginava de um ambiente normal nos canais digitais para os próximos três a cinco anos aconteceu agora. E vai se manter” Fabio Faccio, presidente da lojas Renner.

O destaque de 2019 foi o app Renner, que viu o número de downloads crescer significativamente – em dezembro, somava 2,3 milhões de clientes ativos. O aplicativo foi o maior gerador de recompra entre os canais digitais, representando 33% das vendas e 45% dos acessos ao e-commerce. No segundo trimestre deste ano, de acordo com a companhia, o volume de downloads mais do que triplicou, versus o mesmo período de 2019 – alta de 259%. “Já estávamos trabalhando, havia alguns anos, na nossa digitalização, em melhorias de experiência de consumo dos nossos clientes”, disse Faccio. “O que a gente imaginava de participação num ambiente normal nos canais digitais para os próximos três a cinco anos aconteceu agora. E vai se manter”.

O executivo destacou, ainda, o crescimento de outros serviços, como o Minha Sacola, que permite a qualquer pessoa inscrita em uma plataforma parceira de marketing de afiliados anunciar produtos da marca Renner, publicando links em suas próprias redes sociais e grupos de celular. Os afiliados, que já são mais de 13 mil, recebem uma comissão de 7% sobre as vendas. Foram mais de 47 mil pedidos realizados. Também ganharam força na pandemia as vendas por WhatsApp (quadruplicaram no período), Ship From Store (sistema de Inteligência Artificial que identifica a localização do consumidor e recorre ao estoque de lojas mais próximas, o que acelera a entrega dos produtos vendidos pelo e-commerce) e Drive-thru (retirada de compras feitas pela internet nos pontos físicos, com mais de 13 mil pedidos gerados).

Sem realizar demissões entre os cerca de 20 mil colaboradores, a Renner aderiu, no início da quarentena, a medidas de redução de jornada e salário e também à suspensão de contratos prevista na Medida Provisória 936, do governo federal. Os trabalhadores voltaram às atividades à medida em que as lojas físicas retomaram as operações no Brasil e no exterior, o que já aconteceu com 100% das unidades.

As melhores

1. LOJAS RENNER 461,75 PONTOS

2. LOJAS AMERICANAS 448,05 PONTOS

3. GRUPO PÃO DE AÇÚCAR 401,00 PONTOS