Um idoso sai do quarto em direção à sala de sua casa e no corredor tropeça, cai e se machuca, sem condições de pedir socorro. Em poucos minutos, uma equipe médica chega ao local para o atendimento. Os profissionais da saúde foram acionados por um software integrado a câmeras inteligentes com sistema de visão computacional, desenvolvido com técnicas de deep learning, que treina computadores para realizar tarefas humanas. A rápida atenção à ocorrência é fundamental para diminuir sequelas e salvar vidas. Esse é um dos exemplos em que câmeras de monitoramento estão sendo utilizadas com alta tecnologia embarcada em outros setores, não apenas em segurança pública, deixando para trás a função de simples geração de imagem para acompanhamento do trânsito ou a visualização e gravação de casos de violência e outras ocorrências em prédios e casas.

Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o setor movimentou R$ 7,17 bilhões em 2019, crescimento de 10% em relação ao ano anterior. Neste ano, as demandas por inovação geradas pela pandemia – como o uso de câmeras que medem a temperatura corporal ou identificam se a pessoa usa máscara – cresceram 121%. “A inovação tecnológica está no DNA das empresas de sistemas de segurança”, afirmou a presidente da Abese, Selma Migliori. “Existe uma relação indispensável entre a tecnologia e os pilares da economia formados por Indústria 4.0, agronegócio, cidades inteligentes, educação e saúde.”

Uma das líderes em segurança eletrônica inteligente, instalada no Porto Digital de Recife, a Avantia lançou o primeiro sistema de vídeo analytics inteligente para prevenção de acidentes com idosos. O projeto foi adotado pelo residencial de luxo para público acima de 60 anos Elissa Village, em Curitiba. É inspirado em modelos americanos e europeus e garante que os idosos recebam apoio imediato dos profissionais de saúde em qualquer eventualidade. As cerca de 100 câmeras são integradas a um software com sistema de visão computacional que usa Inteligência Artificial para identificar mudanças de comportamentos dos moradores, como dificuldade para se locomover, alteração abrupta de ritmo e quedas. A partir de qualquer ocorrência alarmes on-line são disparados para o centro médico instalado no condomínio.

CUIDADOS ESPECIAIS Mais do que coibir invasões, sistemas de monitoramento ganham relevância em casas para mapear comportamento de idosos. (Crédito:Divulgação)

O sistema atua também de forma preventiva e não apenas reativa. Para evitar tombos, há sensores com detecção de movimento que acionam luzes em LED próximas ao solo. Também foi implantada a função Heat Map (mapa de calor), que detecta os pontos quentes das imagens: os locais que mais atraem os idosos durante o dia e demandam maior atenção dos profissionais. Os banheiros possuem câmeras no ambiente externo, que fazem contagem e controle de acesso. Botões de pânico e microfones, para que médicos e enfermeiros consigam se comunicar com a pessoa até a chegada ao local, completam a infraestrutura tecnológica. “Os equipamentos não geram imagens, apenas disparam alarmes se uma ocorrência for detectada, o que mantém a privacidade dos moradores”, disse o CEO da Avantia, Silvio Aragão. A solução da companhia foi desenvolvida especificamente para o residencial Elissa Village, porém será disponibilizado para outros clientes, como escolas e centros de compras.

SOM INTELIGENTE A companhia também atua com algoritmos inteligentes em áudios. Por esse sistema, é possível detectar, por exemplo, disparo de revólver e direcionar a câmera ao ponto do disparo. “Chegamos ao nível de detalhamento em que, pelo som, identificamos o calibre da arma”, afirmou Aragão. A solução de áudio inteligente capta barulhos de quebra de vidro, arrombamento, marreta na parede, batidas e outros ruídos. Esse modelo está em funcionamento nas proximidades da Ponte da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Foram instalados 11 sensores acústicos que indicam situações de risco, num plano que envolve a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT) e a Receita Federal. Sorria. Além de gravado você agora está sendo ouvido.