25/05/2001 - 7:00
Curioso o mercado de aviação brasileiro. Mergulhado há anos em uma crise que levou as empresas a sucessivos prejuízos, o setor continua a atrair gente nova. Agora, é a Spanair, companhia de aviação espanhola que acaba de inaugurar uma linha entre Madri e Rio de Janeiro. Aliás, reinaugurar seria a palavra correta. A empresa já manteve vôos regulares nessa rota até o início de 1999. A desvalorização do real, em janeiro daquele ano, afugentou os passageiros e, por tabela, a Spanair. Com a recuperação do mercado nos últimos meses, a companhia resolveu retomar a linha. ?Queremos ser uma das principais empresas ligando Europa e as Américas?, diz Frank Badino, diretor da Spanair. ?Sem presença razoável no Brasil, essa meta é inviável.?
Para retornar ao mercado brasileiro, a Spanair fechou uma parceria com a Varig. Haverá dez vôos semanais compartilhados, três deles operados pelos espanhóis e os outros pela companhia brasileira. A união com a Varig, segundo Badino, dá algumas vantagens para a Spanair na briga com sua principal concorrente, a também espanhola Ibéria. ?Quando comprarem uma passagem para o Brasil de nossa companhia, os clientes poderão utilizar a estrutura da Varig no País, inclusive o programa de milhagem nos vôos internos?, diz ele. Acordo semelhante pode ser firmado entre a TAM e a Ibéria, mas as conversas ainda são embrionárias. Os planos da Spanair para o Brasil vão além da rota para o Rio de Janeiro. A empresa estuda a possibilidade de criar uma linha para o Nordeste, possivelmente Bahia. ?Com essa rota, vamos disputar o mercado Europa/Nordeste brasileiro?, diz Badino. ?Hoje, ele está praticamente nas mãos da portuguesa TAP.?
A volta aos céus brasileiros significa mais uma etapa na internacionalização da Spanair, uma associação do grupo de investimento espanhol Teinver e a Scandinavian Airlines System (SAS) criada há apenas 13 anos. No começo, era uma companhia regional, com vôos entre as principais cidades espanholas. Agora, além dos países europeus, suas aeronaves têm como destino Argentina, Cuba e Estados Unidos. A estratégia para essa expansão tem sido a parceria com outras gigantes do setor, como Lufthansa, United Airlines, a SAS e a compra contínua de novos aviões. Em 2000, a Spanair encomendou da Airbus 50 unidades, seis das quais já foram entregues. Com isso, sua frota dobrará até 2005.
