Em entrevista à DINHEIRO, Rudá Pellini, fundador da Wise&Trust, fintech americana especializada em fundos de investimentos em ativos digitais, fala sobre a trajetória da empresa criada em 2017 e dos planos para começar a operar no mercado brasileiro até o fim deste ano.

Por que vocês escolheram os Estados Unidos como sede Wise&Trust?
Eu e meu sócio, Regis Vargas, fundamos a Wise&Trust em outubro de 2017. Escolhemos os Estados Unidos por se tratar de um mercado maduro, consolidado, com mais acesso ao capital e segurança jurídica.

Como tem sido a trajetória desde então?
Montamos a empresa com capital próprio e logo de cara conseguimos cerca de US$ 150 mil de investidores. Criamos, então, nosso primeiro fundo de private equity. O negócio foi dando certo. De 2018 para 2019, já fomos para US$ 1 milhão e, na virada de 2019 para 2020, chegamos a pouco mais de US$ 5 milhões. Neste momento, temos US$ 6 milhões sob gestão.

O que vocês oferecem aos investidores?
Nossa especialidade são fundos em ativos digitais e temos dois produtos, ambos voltados para perfis qualificados e institucionais que desejam investir nos Estados Unidos. Um deles é acessível para quem possui patrimônio a partir de US$ 1 milhão e para investimento a partir de US$ 10 mil. O outro fundo, institucional, exige patrimônio de US$ 10 milhões e investimento mínimo de US$ 100 mil. É importante frisar que não é realizada nenhuma oferta de valores mobiliários no Brasil, de acordo com a legislação vigente.

Qual tem sido o rendimento?
Nosso principal fundo está positivo em 194,84% desde que entrou em operação, em outubro de 2017. No mesmo período, o S&P 500 acumula resultado positivo de 10,68%, o Ibovespa, 11,88% e o Bitcoin, principal ativo digital, um resultado de 43,27%. De janeiro a abril de 2020, já com os efeitos negativos causados pela pandemia de coronavírus, esse mesmo fundo apresenta resultado positivo de 16,19%, enquanto o S&P 500 teve resultado negativo de 9,75%, o Ibovespa caiu 30,39%. Apenas o Bitcoin valorizou, mas 20,39% no mesmo período.

A maioria de seus investidores são americanos?
Cerca de 10% são americanos, mas eles representam 75% dos recursos aplicados. Os brasileiros são maioria absoluta, em torno de 90% dos investidores, mas representam apenas 25% do volume que gerimos.

Quais são os planos daqui para frente?
Desde o início do ano, nosso objetivo é fechar 2020 com US$ 20 milhões. Mesmo com a pandemia, vamos manter essa meta, conscientes de que teremos de ser mais agressivo daqui para frente. Nós também tínhamos planejado iniciar nossas operações no mercado brasileiro. A ideia era, até julho, lançar o quarto fundo em ativos digitais no País. Por causa da crise, resolvemos adiar. Mas queremos tornar isso realidade até o final do ano.

A operação no Brasil manterá as mesmas condições para os investidores?
Não exatamente. Aqui queremos tornar os nossos produtos mais acessíveis, com investimento a partir de R$ 2 mil. No entanto, será um investimento com exposição cambial porque se trata de um fundo americano.

E quais as expectativas para o Brasil?
É um mercado com bastante potencial e pouca concorrência dentro do segmento que atuamos. Existem apenas três fundos iguais ao nosso. Nos Estados Unidos, já existem mais de dez e são fundos com valores entre US$ 8 bilhões a US$ 9 bilhões em ativos digitais, em criptomoedas. Por aqui, o maior fundo desse mercado tem cerca de R$ 30 milhões e nós já estamos nesse patamar em reais. Ou seja, já vamos começar grandes no Brasil. Foi uma estratégia nossa, crescer lá fora e depois vir para cá. Estamos confiantes e acreditamos que vamos crescer muito no mercado nacional em 2020 e 2021.

CRÉDITO
Fintech tem 75% mais cadastros

Desde o início da quarentena, em meados de março, a Cacau Crédito registrou crescimento de 75% nos cadastros de pequenos empresários que buscam alternativas para financiamento de despesas e capital de giro. “Passamos a receber quase 50 empresas por dia em nossos sistemas de cadastro”, diz João Carlos Meinberg, sócio da fintech de recebíveis para micro, pequenas e médias empresas. Segundo ele, a Cacau já transacionou mais de R$ 72 milhões neste ano, com um tíquete médio de R$ 96 mil e previsão desse volume atingir R$ 300 milhões.

EM 1 MINUTO
Acesso Bank abre 50 mil contas 

Em operação há cerca de um mês e meio, o banco digital Acesso Bank registrou a abertura de 50 mil contas e a expectativa é abrir 30 mil novas mensalmente. A fintech não cobra taxas de seus clientes e promete a aprovação de cadastro em apenas um minuto. Segundo o fundador, Davi Holanda, o objetivo da fintech é promover a inclusão bancária, sem tratar clientes de forma diferente por recursos aplicados. “Não há gold, platinum ou black, há somente pessoas”, diz. Pagamentos de contas, boletos de depósitos e TEDs são ilimitados.

Números da semana
R$ 50 bilhões

É o montante de crédito imobiliário já contratado de um total de R$ 154 bilhões colocados à disposição pela Caixa Econômica Federal durante a pandemia de coronavírus. A informação foi divulgada pelo presidente da instituição, Pedro Guimarães, na segunda-feira 11. O executivo também disse que, além do setor imobiliário, a Caixa tem como foco os setores de políticas públicas, infraestrutura, compra de carteira e microcrédito, mas não empréstimos a grandes empresas privadas. Outro destaque são os juros cobrados mensalmente do cheque especial. No início de 2019, a taxa mensal estava em 14% e, no fim de março deste ano, o piso cobrado pela Caixa atingiu 2,9%. Pelas estimativas de Guimarães, a conta digital criada para pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 deverá beneficiar cerca de 45 milhões de pessoas até então desbancarizadas. “Já foram criadas cerca de 20 milhões de contas digitais em todo o Brasil”, disse, comemorando a inserção de mais gente no sistema bancário nacional.