Desde que assumiu o comando da Volkswagen para a América Latina, em setembro de 2017, o executivo argentino Pablo Di Si tem trabalhado para fazer com que a montadora volte ao topo do mercado brasileiro. Em um ano, já conseguiu sair da terceira para a segunda posição entre as fabricantes que mais vendem carros. “A retomada da liderança está baseada nas pessoas e no espírito de time”, diz ele, que, quando jovem, jogou futebol pelo time argentino Huracán. Di Si é o entrevistado do programa MOEDA FORTE na TV Dinheiro que vai ao ar na segunda-feira, 22 de outubro. Acompanhe alguns trechos:

O senhor foi jogador de futebol?
Eu jogava nas categorias de base do Huracán, um time profissional da Argentina. Não jogava muito bem. Porém, eu tinha muita garra, muita vontade e disciplina tática. Nosso time não era dos melhores e fomos campeões da quarta divisão do campeonato argentino. Havia times muito melhores do que o nosso, mas entendíamos que, jogando unidos, avançaríamos cada vez mais. Tive técnicos muito bons que, depois dos jogos, nos chamavam e dizia qual jogador mais tinha contribuído para o sucesso do time. Não quem fez o gol, não o melhor. E isso me ajudou na minha carreira.

E o futebol também te ajudou a estudar nos Estados Unidos…
Vim de uma família de classe média baixa e não tinha dinheiro. Mas sentia vontade de estudar fora. A única coisa que sabia fazer era jogar futebol. Então, gravei uma fita VHS, fui ao consulado americano, peguei um livro com as universidades de lá, mandei uma carta dizendo que não tinha dinheiro, falava um pouquinho de inglês e queria uma bolsa de estudos por conta do futebol. Isso em 1986. Chamaram-me para uma prova, fui para lá passar um mês e fiquei em Chicago onde fiz finanças e administração. Aprendi muito sobre negócios em Harvard e em Wharton. Mas as lições de vida eu aprendi no campo de futebol

O senhor veio ao Brasil com a missão de fazer a Volkswagen retomar a liderança no mercado brasileiro. Como isso vai acontecer?
Para mim, o importante foi resgatar o espírito de time dentro da Volks. O time sofreu porque ficamos muito tempo sem produto no mercado. E, você passar de líder para a terceira colocação, ninguém gosta. E a Volks era uma empresa que centralizava as decisões na Alemanha. O que mudou é que a Volks deu mais autonomia para as regiões. Eu sou o primeiro latino-americano a comandar a operação. Há dois anos, anunciamos investimentos de R$ 7 bilhões para lançar 20 carros. Nos últimos 12 meses, lançamos 11 carros e, no acumulado, passamos para a segunda posição.

A indústria automobilística tem passado por uma transformação. O que a Volks está fazendo?
Estamos com vários projetos-pilotos. Há um mês, o nosso presidente mundial entrou na convenção global com uma bicicleta elétrica. Vamos fabricar e vender. Também temos um programa chamado We Share. Ele começará na Alemanha, com uma frota de carros elétricos e híbridos, que serão compartilhados pelo público por meio de um sistema proprietário da Volks. Vai ser uma experiência muito bacana porque é um processo que pode ser aplicado aqui no Brasil.

(Nota publicada na Edição 1092 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Felipe Mendes, Gabriel Baldocchi e Hugo Cilo)