A dois anos de se tornar sexagenária, a dona da Havaianas, Osklen e Dupé, encontrou, na experiência de seu CEO, Roberto Funari, a saída perfeita para driblar a crise econômica que tem abalado grandes empresas globais. Aos 54 anos, o executivo paulistano acumula o know-how de quem viveu, por 17 anos, em quatro continentes e seis países. Sua visão global garantiu à Alpargatas bons resultados nos últimos anos, especialmente durante o período de maior turbulência. Enquanto muitas corporações demitiam e paralisavam investimentos, a empresa contratou 500 funcionários para seu centro de distribuição em Extrema (MG) – um aporte de R$ 3 milhões –, inaugurado em meio à pandemia. Com crescimento expressivo, o ano de 2019 acumulou resultados positivos para a companhia, atingindo R$ 3,7 bilhões em receita líquida, alta de 9,8% em relação a 2018 (R$ 3,4 bilhões). A Alpargatas ainda registrou crescimento de 29,5% no lucro líquido recorrente, que passou de R$ 333,2 milhões em 2018 para R$ 431,6 milhões no ano passado. Por esse bom desempenho, o grupo ganhou o primeiro lugar na categoria Vestuário, Têxtil e Calçados, no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2020.

Neste ano, a companhia manteve os investimentos: R$ 29 milhões no segundo trimestre do ano, dos quais R$ 18 milhões (62%) foram destinados a transformações digitais e a projetos de ganho de eficiência nas fábricas e na cadeia de suprimentos. O restante, R$ 11 milhões, foi destinado para sustentação e manutenção das operações. Segundo Funari, esses fatores foram importantes para os resultados. “Mantivemos os níveis de produção, trouxemos estoques de segurança para perto dos pontos de consumo e garantimos disponibilidade e reposição”, disse. Esse crescimento resultou num salto de 53,1% no lucro líquido consolidado da empresa, passando de R$ 29,1 milhões no segundo trimestre de 2019 para R$ 44,5 milhões no mesmo período deste ano, e gerou um valor de mercado de R$ 15,8 bilhões no final do segundo trimestre.

Roberto Funari empresa: alpargatas cargo: CEO destaques da gestão: investimento nos canais digitais, lançamento de parcerias e aposta na diversificação de produtos com foco na consolidação do segmento lifesytle.

Com o fechamento de 100% das suas 756 lojas e 45% dos 300 mil pontos de vendas na fase mais aguda da pandemia, a empresa viu a participação do e-commerce saltar 205% nos meses de abril, maio e junho, na comparação com o primeiro trimestre deste ano. O crescimento é ainda maior se comparado com o segundo trimestre de 2019, chegando a quase 600%. Grande parte dos resultados positivos foi em decorrência da boa atuação do grupo no mercado internacional, em especial da principal marca do grupo, Havaianas, que possui 30 lojas em solo estrangeiro e é comercializada em mais de 120 países.

“A marca está se expandindo em categorias lifestyle e inovando, por meio de parcerias. Passamos a ter Havaianas dos pés à cabeça” Roberto Funari, CEO da Alpargatas.

As vendas no mercado global, favorecido pela variação cambial, representaram, no segundo trimestre, 46% do faturamento do grupo, e passaram de R$ 282,9 milhões para R$ 316 milhões entre abril e junho, alta de 11,7%. A receita líquida da Havaianas Internacional cresceu, em maio e junho, 61% e 57%, respectivamente, em comparação com os mesmos meses de 2019. O mercado nacional também apresentou participação expressiva para a empresa. O Dia dos Namorados, uma das principais datas do comércio, registrou crescimento de 400% nas vendas do e-commerce, em comparação com 2019. Os resultados positivos deram ao segmento de e-commerce mais visibilidade. Há um mês, a Alpargatas lançou uma nova loja global da Havaianas. “Estamos em 18 países e, até a metade de 2021, alcançaremos até 40 nações”, afirmou o CEO da empresa.

Em setembro deste ano, o grupo anunciou uma negociação de venda da marca Mizuno no Brasil para a Vulcabras. A venda, avaliada em R$ 200 milhões, faz parte da estratégia de expansão global e digital das marcas Havaianas e Osklen e não englobou as fábricas da Alpargatas, que, após o fechamento do negócio – ainda sujeito a celebração de contrato de licenciamento entre Vulcabras e Mizuno e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) –, serão reestruturadas para atender exclusivamente à Havaianas.

Outra aposta da companhia é a entrada e consolidação no universo lifestyle. Criada em 1962, a Havaianas possui roupas, boias e até carregador de celular, e continua investindo na diversificação de produtos como expansão da marca. Durante a pandemia, foram lançadas parcerias com a grife francesa Yves Saint Laurent e com a New Era, a maior marca de bonés do mundo. Houve, também, o lançamento das meias e da linha Tradzori, releitura do chinelo no estilo japonês, que serviu de inspiração para a criação da primeira sandália da marca. “ Agora, passamos a ter Havaianas dos pés à cabeça”, afirmou o executivo.

As melhores

1. ALPARGATAS 457,60 PONTOS

2. HERING 451,75 PONTOS

3. CEDRO TEXTIL 323,95 PONTOS