Agora não há mais desculpas. A primeira das amarras que historicamente atravancam a melhoria dos serviços do Porto de Santos foi cortada. Desde a semana passada, os trabalhadores do porto estão sendo convocados ao trabalho pelo Órgão Gestor de Mão-de-obra (Ogmo) e não mais pelos sindicatos de estivadores. ?É só o início de muitas mudanças necessárias por aqui?, afirma João Artur de Melo, diretor de assuntos corporativos da Santos Brasil, operadora do Tecon 1, um dos principais terminais do porto. Entre os desafios para o futuro está a redução do quadro de pessoal, devido à modernização do porto e à ociosidade de pelo menos 50% dos 11 mil estivadores. ?O trabalho deles está praticamente obsoleto, todo o transporte de carga está mecanizado?, completa Melo. Por enquanto, ao menos, os estivadores parecem desconhecer os planos para o futuro da categoria. ?Está tudo calmo?, afirma João Saldanha, diretor do sindicato dos Trabalhadores de Bloco.

A verdade é que faltam ainda outras mudanças e elas não serão fáceis. Importadores e exportadores ainda sofrem com a lentidão do transporte interno, falta de informatização de dados, entre outros itens que colocam Santos numa posição de atraso. ?Temos uma estrutura administrativa dinossáurica?, classifica José Antônio Almeida, o Jama, gerente de infra-estrutura da administradora do porto, a Codesp, e também presidente da Câmara dos Vereadores de Santos. Como exemplo, ele cita um débito de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) do porto com a prefeitura de R$ 70 milhões, em fase de renegociação para pagamento. ?Não temos nenhum aeroporto na baixada santista para receber empresários?, diz. Precisamos preparar a região em uma área de negócios e, assim, facilitar o desembaraço de mercadorias.

Nos setores já privatizados do porto já há alguns avanços. A Portofer, empresa ferroviária que faz as manobras internas dos vagões de trens que chegam pela Ferropasa, tem diminuído os períodos de atraso dos navios. Há dois anos, quando a malha interna do porto foi privatizada, um vagão ficava em média cinco dias lá dentro até o descarregamento de mercadorias em navios. Esse prazo hoje é de 30 horas e até o final do ano deve estar em 24 horas. ?Mas as melhorias não dependem apenas da gente, outros setores ainda atrasados nos prejudicam?, explica Sérgio Ricardo de Souza, presidente da Portofer.