Uma prece solene ecoa na estrutura de madeira do tribunal de Winston County, onde Donald Trump obteve 90% dos votos em 2016.

Os republicanos no reduto conservador do Alabama esperam que Deus permita que o magnata nova-iorquino do setor imobiliário, tão diferente deles, tenha um desempenho ainda melhor desta vez.

Terminada a sua oração, eles se voltam em uníssono para a bandeira, pendurada na entrada do recinto, para o tradicional juramento de fidelidade, em alto e bom tom e com a mão no peito, na altura do coração.

É o último encontro da ala local do Partido Republicano antes das eleições de 3 de novembro, e inclui uma execução à capela de “God Bless the USA”, uma canção patriótica country que virou marca registrada dos comícios de Trump.

“Estamos vendo que o sentimento favorável a Trump na nossa região é maior do que há quatro anos”, disse o advogado Greg Farris, um executivo e vice-presidente do Partido Republicano do Condado de Winston County.

“Então, nós achamos que vamos ter um percentual maior do que tivemos da última vez. Será de 100 por cento? Provavelmente não. Mas achamos que será na casa dos 90”, afirmou.

O Condado de Winston é, definitivamente, como diz o cartaz eleitoral ao longo das vias que atravessam os bosques locais, o “Condaado de Trump”.

O distrito congressional ao qual pertence no norte do Alabama deu a Trump seu maior percentual de votos em 2016. Seus moradores falam com orgulho desta estatística.

“Ele tem bons valores cristãos”, disse Sandra Wright, secretária do Partido Republicano do Condado de Winston, vestindo uma camiseta vermelha com a frase: “Mantenha a calma e vote em Trump”.

– Cinturão da Bíblia –

O condado está situado no coração do chamado Cinturão da Bíblia, uma região conhecida por seus valores cristãos conservadores.

Pináculos de pequenas igrejas brancas, muitas delas evangélicas, podem ser vistos por toda a área rural, nos sopés das montanhas Apalaches.

Também podem ser vistas bandeiras confederadas ocasionais em quintais ou em monumentos que prestam tributo aos soldados mortos na Guerra Civil Americana (1861-1865), um conflito motivado pelo desejo do sul de manter a escravidão.

A população é majoritariamente branca e muitos moradores valorizam o trabalho duro, a religião e a família.

Talvez seja o otimismo de simpatizante, mas é tão certo que Trump vença em Winston County que os republicanos lá têm dificuldades em acreditar nas pesquisas nacionais que o mostram muito atrás de seu adversário, o democrata Joe Biden.

Sua única preocupação relativa é a competição amistosa com condados vizinhos, como Cullman, de 84.000 habitantes, onde Trump também foi eleito com uma margem esmagadora em 2016: 88% dos votos.

Steve Cummings, presidente do Partido Republicano no Condado de Cullman, disse que “88 por cento é muito. É difícil de superar. Mas eu acho que nós podemos fazer melhor do que 88%. Eu realmente acho que sim”.

“Nós simplesmente adoramos suas aptidões de liderança”, afirmou.

“É o que nos atrai nele. Gostamos de pessoas que falam de forma clara, que simplesmente dizem o que pensam”, acrescentou.

Cummings teve a ideia de criar cartazes em espanhol – “El Presidente Trump” – para alcançar os hispânicos, muitos dos quais trabalham na indústria de aves na região, na esperança de colocar seu condado à frente de Winston.

– ‘O maior presidente que já tivemos –

A feira do condado de Cullman é uma amostra da popularidade do presidente, onde chapéus de caminhoneiro, bandeiras e camisetas trazem slogans provocativos em apoio a ele.

Produtos pró-Trump são vendidos em meio às atrações e a barracas de salsichão e amendoim cozido.

Muitos presentes usam botas de caubói, mas poucos usam máscaras para evitar o contágio pela covid-19.

Ao lado da esposa, Deanna, e de quatro de seus seis filhos, Tommy Wisener acha que o apoio a Trump no condado é superior a 88%.

“Esta é uma região fortemente republicana. E Trump é o maior presidente que já tivemos”, diz, sorridente, Wisener, na casa dos 40, e que trabalha no controle de qualidade na indústria automotiva.

“Ele é um homem do povo. Todas as coisas que ele prometeu fazer antes de assumir, quando estava em campanha, em 2016, ele realizou aquelas coisas e muitas mais”.

Vestida com seu uniforme de enfermeira, Katie Harrison espera na fila para comprar comida, depois posar com os dois filhos ao lado de um totem em papelão de Donald Trump em tamanho quase real, com os polegares para cima e um sorriso brilhante.

“Ele está fazendo o que acha que é melhor para o país e não para ele próprio”, disse ela.

“Conheço pessoas em Cullman que são apoiadores de Biden e tudo bem. Não tenho nenhum problema com isso. É disso que a América se trata. É uma das melhores coisas de se morar em Cullman: nós não julgamos as pessoas”.

É difícil, no entanto, encontrar apoiadores de Biden ao redor. Duas horas antes do encerramento da feira, a barraca do Partido Democrata já estava deserta.