Níveis mais elevados de alguns poluentes do ar comuns, como o ozônio troposférico, estão associados ao desenvolvimento de formas graves de Covid-19, incluindo internamento em unidades de cuidados intensivos (UCI).

A conclusão é de uma nova pesquisa publicada na revista ‘Canadian Medical Association Journal’ (CMAJ), que procurou determinar se havia uma associação entre a exposição de longo prazo à poluição do ar e a gravidade da Covid-19.

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Para isso, pesquisadores analisaram dados de todas as 151.105 pessoas com 20 anos ou mais com infecção confirmada por SARS-CoV-2 em 2020 em Ontário, Canadá.

A equipe modelou a exposição histórica a três poluentes atmosféricos comuns antes da pandemia: partículas finas (PM2,5), dióxido de nitrogénio (NO2) e ozono troposférico (O3).

“Descobrimos que as pessoas infectadas com SARS-CoV-2 que viviam em áreas com níveis mais altos de poluentes do ar comuns (PM2,5, NO2 e O3) corriam risco elevado de serem internadas em UCI”, refere Hong Chen, especialista da Health Canada e ICES, e um dos co-autores do estudo.

A par disso, foi também identificado um risco maior de hospitalização com exposição crônica ao PM2,5 e O3, e um risco aumentado de morte por Covid-19 com exposição crónica ao O3.

Estes resultados se somam aos crescentes relatórios que ligam a poluição do ar à gravidade da Covid-19 em outros países, como Espanha e México.

“Dada a pandemia ainda em curso, as nossas descobertas, que sublinham a relação entre a exposição crônica à poluição do ar e o aumento da gravidade da Covid-19, podem ter implicações importantes para a saúde pública e os sistemas de saúde”, escrevem os autores.

Quanto aos mecanismos de como a exposição a longo prazo à poluição do ar pode influenciar a gravidade da covid-19, os especialistas pedem mais pesquisas.