Até o fechamento desta edição, o Brasil contava com 150 mil sites que empregavam cerca de 1 milhão de funcionários. No momento em que você estiver lendo esta matéria, entretanto, os números deverão ter mudado. Radicalmente. Por uma única razão: a Internet é o mercado de trabalho mais dinâmico do momento, e vem mudando com a velocidade de um clique de mouse. Calcula-se que a rotatividade seja 10% maior que a das empresas tradicionais. ?A rotatividade é tão rápida quanto os acontecimentos na rede?, diz Maurício Franco, head hunter da Simon Franco Recursos Humanos. Há pouco tempo, a média de trabalho em uma empresa tradicional era de cinco anos. ?Hoje, nas pontocom, a permanência deve estar em seis meses, no máximo?, revela Dário dal Piaz, diretor-geral do Yankee Group. Razões para este troca-troca de empregos não faltam. ?A demanda por profissionais pontocom é grande. É mais fácil roubar gente já formada?, conta.

Uma pesquisa da William M. Mercer, uma das grandes consultorias mundiais de recursos humanos, indicou aquela que pode ser a raiz do problema. O principal atrativo das pontocom é a remuneração. Cerca de 35% dos profissionais migraram para a rede em busca de melhores salários. ?Mas a remuneração na rede é apenas promessa?, lembra a consultora da William Mercer, Priscila Cruz. O problema é que a principal forma de remuneração, as famosas stock options, acaba ficando na teoria. Metade das empresas promete, mas ainda não tem um plano de compra de ações. Trata-se de um contrato verbal válido perante a lei. O funcionário só ganha dinheiro, entretanto, se a empresa fizer sua abertura de capital na Bolsa, e ainda se ela tiver valorização real. ?É lenda que a Internet paga salários maiores?, diz. Junta-se a isso o fato de a remuneração em forma de ações ser um conceito novo. ?Não há tradição no mercado nacional e os profissionais tendem a cair no conto antes de verificar a viabilidade?, diz José Carlos Figueiredo, diretor de recursos humanos da Price.

E para onde vão esses profissionais? Outro dado interessante do levantamento da William Mercer ? que investigou 26 pontocom nacionais ? é que 39% dos profissionais deixam seus empregos por outros que oferecem maior salário fixo. Sendo que 63% deles acabam indo para empresas concorrentes. Cria-se no mercado uma tendência de troca-troca. ?A cada mudança de emprego, o profissional alavanca melhoria de cargo e salário?, explica Figueiredo. Com isso, muda-se também o paradigma de empregabilidade. O bom profissional, hoje, não é aquele que fica muito tempo na mesma empresa. Mas aquele que sabe vender seu trabalho. ?Não é mérito ficar no mesmo emprego por muito tempo?, lembra. Em outras palavras, o mercado até incentiva mudanças meteóricas. ?Enquanto as tradicionais focam em reter pessoas, as de Internet em recrutar. Elas sabem que vão perder muito rápido.?