O nevoeiro que atingiu o Rio de Janeiro durante todo o domingo e provocou o fechamento do Aeroporto Santos Dumont desde as 10h28 é atípico para a cidade, explicou o meteorologista William Cossich. Professor do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele acompanha a ocorrência de nevoeiros no Rio desde 2005.

“O nevoeiro de hoje foi um pouco diferente do que a gente está acostumado a ver no outono e no inverno. Geralmente, temos o nevoeiro de radiação, que se forma quando a temperatura da superfície diminui muito, durante as noites com poucas nuvens. À medida que a temperatura vai baixando, o vapor d’água que tem no ar vira água líquida, e se forma o nevoeiro, que é uma nuvem na superfície”, explicou Cossich. “O que teve hoje foi diferente, foi o nevoeiro de advecção. A temperatura do mar, no entorno do Estado do Rio, estava mais baixa. Esse nevoeiro veio acompanhando a temperatura do mar. O vento passou pela superfície do mar, encontrou temperatura mais baixa e trouxe para orla, onde a temperatura estava mais alta, provocando essa formação de nevoeiro.”

Esse nevoeiro marítimo acontece, geralmente, no inverno e próximo à orla. “Em Copacabana, esse nevoeiro marítimo ficou muito claro. Quem estava na manifestação (por eleições diretas e a renúncia do presidente Michel Temer) mal conseguia enxergar o mar. Mas não se observou isso no interior da cidade, na zona norte e zona oeste. Esse nevoeiro costuma ocorrer no oceano e em áreas costeiras.”

Segundo Cossich, há previsão de formação de névoa no início do dia nesta segunda-feira, 29, mas que deve se dissipar ao longo do dia. Nos nevoeiros, há restrição de visibilidade e não se consegue enxergar um quilômetro à frente. Já quando há névoa, é possível enxergar além dessa distância. Há pequeno risco de o nevoeiro de advecção voltar a se formar na quarta-feira, 31.