Por Marcelo Teixeira

NOVA YORK (Reuters) – A Nespresso, divisão de café premium controlada pela Nestlé, ainda não aumentou os preços de suas cápsulas, apesar de uma forte alta nas cotações de referência dos grãos arábica, optando por esperar para ver se a tendência vai se sustentar ao longo do tempo.

Alfonso Gonzales Loeschen, o presidente-executivo da Nespresso na América do Norte, afirmou em entrevista nesta quarta-feira que a empresa, até aqui, absorveu o aumento dos preços, em vez de repassar os custos mais altos para os consumidores, até que haja mais clareza sobre a direção do mercado.

“Tudo vai depender de quanto tempo esses preços mais altos serão mantidos”, disse Loeschen.

Os valores de referência do café arábica na ICE atingiram o maior nível desde novembro de 2016 no início deste mês, devido à produção menor no Brasil e a interrupções na cadeia de oferta.

A Nespresso, assim como outros processadores de café premium, normalmente paga um grande prêmio sobre os contratos futuros negociados em Nova York para produtores associados ao redor do mundo, como uma forma de garantir ofertas dos melhores cafés.

O CEO, que assumiu o cargo nos Estados Unidos no início de 2020, apenas semanas antes de a pandemia resultar na imposição de lockdowns, disse que as vendas diretas aos consumidores aumentaram 20% durante o período, forçando a empresa a se ajustar a um maior volume de vendas online e às demanda de logística.

Todas as “boutiques” de café da companhia já reabriram, mas as vendas para escritórios têm se mantido fracas, e Loeschen não vê os volumes desse canal de vendas retomando os patamares pré-pandemia até pelo menos 2022.

“Parece que apenas cerca de 20% dos trabalhadores estão de volta aos escritórios, e muitas pessoas continuarão trabalhando em um sistema híbrido”, disse o executivo, acrescentando que algumas empresas forneceram produtos Nespresso para funcionários trabalhando de casa durante a pandemia –um novo ponto de vendas para a companhia suíça.

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