Sobre uma plataforma construída no Salar de Uyuni, na Bolívia, a 3.660 metros de altitude, seis casulos acomodam os hóspedes do Kachi Lodge. São cúpulas de tenda clara – cada uma com 28 m2 – equipadas com camas de última geração adornadas com cobertas de lã de lhama e de alpaca, tecidas e tingidas a mão. O projeto tem infraestrutura sustentável que garante a perfeita proteção contra o clima frio de altitude do lado de fora, com recuperadores de calor que mantêm a temperatura média entre 19ºC e 23ºC. Os banheiros têm painéis solares e reciclagem de água.

Conectado à cúpula do lounge, um casulo menor acolhe a produção da gastronomia contemporânea, que explora ingredientes da rica biodiversidade boliviana, servida em pratos de cerâmica produzidos pela comunidade local. Locais, também, são os vinhos, da região de Tarija, e a estação de chá de ervas.

CONFORTO SOBRE O SAL Os casulos sustentáveis do Kachi Lodge estão instalados no Salar de Uyuni (no alto). (Crédito:Divulgação)

A proposta até pode parecer a de uma hospedagem no meio do nada, mas a verdade é que o Kachi Lodge já está localizado em pleno Salar de Uyuni. Ou seja, no meio de tudo. Onde se pode hospedar com luxo e conforto sem ter que encarar horas de viagem para visitar as belezas naturais da região. Se a ideia é avistar os lagos de múltiplos tons da salina, basta acordar — já que do próprio quarto isso é possível. E quando bater vontade de observar a constelação brilhante sobre a maior salina do mundo, é só se deitar, sem risco de distrações. Os únicos vizinhos são as lhamas, os flamingos e as alpacas. A partir de US$ 2,7 mil por noite.

CENÁRIO cinematográfico Uma estrada íngreme e estreita na pequena vila de Blevio, margem sudeste do Lago de Como, leva ao Mandarin Oriental, inaugurado em 2019 em uma área de jardins exuberantes. Não que a propriedade onde foi instalado seja recente: a Villa Roccabruna foi construída no século 19. Foi a casa onde viveu a mezzo-soprano Giuditta Pasta e por onde passaram compositores consagrados da ópera, como Bellini, Donizetti e Rossini.

A inspiração vem de todos os lados. A paisagem que cerca o hotel, debruçado para o terceiro maior lago da Itália, desenha um cenário literalmente cinematográfico. Na região já foram rodados vários filmes, entre eles 007 Cassino Royale.

DISCRIÇÃO É TUDO Nada de decoração rebuscada em um lugar onde o melhor visual está além das janelas. A vista do Lago di Como supera qualquer ornamento. (Crédito:Divulgação)

O Mandarin Oriental Lago di Como tem uma vila principal onde estão distribuídos os 73 amplos quartos e suítes — há, ainda, duas vilas independentes. Todos têm decoração que une o simples ao contemporâneo, assinada pelo designer Eric Egan. E, de fato, não há motivos para rebuscar, com licença poética, ao mármore que forra os banheiros: a maioria dos apartamentos tem como pano de fundo o lago, descortinado por grandes janelas ou varandas – a suíte presidencial tem seu próprio terraço e piscina privativa.

Os tratamentos de spa, de inspiração asiática — com terapias como a esfoliação com óleo de cedro e sal marinho — estão entre as assinaturas dos hotéis do Mandarin Oriental Group. Assim como a gastronomia. No restaurante L’Aria (e que outro nome haveria de ser?), em um edifício voltado para o lago, pode-se apreciar os pratos num espaçoso terraço, conteplando a paisagem, enquanto do outro lado, no salão, é possível observar a movimentação dos chefs no preparo de pratos da cozinha italiana contemporânea, já contemplada com uma estrela Michelin. A partir de US$ 667 por noite.

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PARAÍSO HOLÍSTICO Escondido em uma área de quase 300 hectares de Mata Atlântica na região rural de Campos do Jordão (SP), o superexclusivo Botanique Hotel & Spa passará a operar, a partir de janeiro de 2021, em sociedade com a marca Six Senses. Trata-se de uma das mais luxuosas do mundo no setor de hotelaria e que foi adquirida em 2019 pelo Intercontinental Hotels Group (IHG). Como poucas grifes, a Six Senses sabe aliar luxo, bem-estar e sustentabilidade. O Six Senses Botanique será, aliás, a primeira unidade hoteleira da Six Senses nas Américas. A ideia é preservar a essência do Botanique e alavancar o projeto a um nível ainda mais luxuoso, integrado ao conceito da grife internacional de hotéis. As sete suítes no corpo principal serão repaginadas, assim como as 13 vilas privadas no entorno da propriedade. Está prevista, também, a construção de outras 14 vilas em estilo eco friendly, utilizando materiais locais para impactar o mínimo possível o meio-ambiente. O isolamento também será cercado de tratamentos exclusivos, com elementos botânicos brasileiros. O spa do Botanique, que já se distribui por oito salas de tratamento, suítes de relaxamento, piscina de flutuação e chuva de água mineral da Mata Atlântica, vai ganhar salas e programas exclusivos de desintoxicação e ioga, entre vários outros. A partir de R$ 3,2mil por noite.

O MERLHOR DO CERRADO Aninhada em uma região no encontro dos estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais, a Fazenda Trijunção abriga a pousada homônima, em uma propriedade de 33 mil hectares. A proposta é uma das mais difíceis de oferecer: a do luxo discreto, em que detalhes têm a máxima importância. Das histórias da região aos sabores à mesa, das descobertas no entorno à excelência no serviço. Para a revista Town & Country, o objetivo foi alcançado — a publicação norte-americana listou a Pousada Trijunção entre os 65 melhores novos hotéis de 2020. Um dos privilégios locais é compartilhar o espaço com cerca de 4,7 mil espécies de animais e 13 mil de plantas. E mesmo que a propriedade tenha dimensões gigantescas, somente sete suítes foram construídas.

O relevo do Cerrado é ideal para ser explorado de fat bikes, por trilhas de extensões crescentes, entre 3km e 10km, que podem incluir uma esticada até o marco da divisa GO-BA-MG. Diariamente são organizados passeios acompanhados por biólogos e zootecnistas — conscientizar os visitantes sobre a importância de preservar o Cerrado é uma das propostas da Trijunção. E os confortos da vida urbana? Também estão presentes. Seja nas roupas de cama, de algodão com 600 fios, seja na sauna a vapor e mesmo na pista de pouso particular. Mas o melhor é descobrir que a sofisticação máxima é poder seguir as pegadas do lobo-guará, passear de caiaque em uma lagoa no rio Formoso, acordar e tomar um café forte nas canecas de cerâmica com frases de Guimarães Rosa. A gastronomia reúne sabores dos três estados e segue a tradição de oferecer a cozinha de dentro e de fora de casa, com os típicos churrascos de fogo chão e piqueniques. A partir de R$ 2,5 mil por noite.