O Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgaram nesta sexta-feira (22) estudo que mostra que o negro de 15 a 19 anos é o perfil mais comum das mortes de crianças e jovens no Brasil.

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De acordo com o levantamento, feito a partir de boletins de ocorrência registrados em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal em 2016 e 2020, cerca de 80% dos mortos entre 15 e 18 anos são negros. O número total nessa faixa etária foi de 31 mil mortes, sendo que 25.592 são negras. 

O estudo também observa que, ampliando a idade base para 10 anos, a maioria das vítimas é do sexo masculino (91%) alvo de armas de fogo (83%) e sofreram homicídio doloso (90%). 

Conforme a idade avança, aumenta também a possibilidade de ser morto pela polícia. 16% das mortes entre 10 e 19 anos foram cometidas pela polícia. São Paulo é o estado que mais registra casos do tipo na proporção de mortes violentas. Em 44,4% dos registros, os meninos de 10 a 19 anos morreram em decorrência de intervenção policial.

Outra publicação do Fórum, o Atlas da Violência Pública, também destaca a diferença entre mortes violentas na população negra em geral, vítima de 75% dos homicídios enquanto é 53% da população, segundo o IBGE.

O pesquisador do fórum, Dennis Pacheco diz que a lógica dessa violência vem desde o Brasil colônia e que é urgente que esses jovens deixem de ser considerados culpados pela sociedade que os transforma em alvo. 

“Tanto a segurança pública quanto a segurança privada utilizam diversos estereótipos racistas para justificar sua lógica de funcionamento. Enquanto essa lógica e esse imaginário racista não forem desfeitos, esses meninos continuarão tendo maior risco de serem assassinados”, afirmou ao UOL.