Nos últimos anos, os trabalhadores negros qualificados estão no grupo da população com mais dificuldade para atuar na carreira cursada no ensino superior. Mesmo com um crescimento da qualificação entre negros, esses profissionais acabam exercendo ocupações de menor qualidade.

Um estudo da consultoria IDados, divulgado pelo G1, revela que entre o primeiro trimestre de 2015 e 2020 a parcela dos trabalhadores negros sobre-educados (que cursaram ensino superior, mas atuam em cargos de nível médio ou fundamental) foi a que mais cresceu.

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No levantamento, 37,9% dos homens negros e 33,2% das mulheres negras estavam na condição de sobre-educados (ou seja, atuando em cargos que exigem menos do que sua qualificação) no primeiro trimestre deste ano – em 2015, essa relação era mais baixa, de 33,6% e 27,3%, respectivamente.

No mesmo período, a quantidade de homens negros ocupados com ensino superior cresceu de 1,7 milhão para 2,7 milhões, enquanto as mulheres negras com diploma aumentou de 2,5 milhões para 4 milhões.

Presença de negros aumenta em atividades que não exigem diploma superior

Outro mapeamento, este realizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), também divulgado pelo G1, mostra que a presença de negros é alta em atividades que não exigem diploma superior, mas é baixa nas áreas que demandam alta especialização.

No setor bancário, apenas 23,1% dos empregados formais são negros. Nas empresas aéreas, essa relação é de 29,7% e, no setor de óleo e gás, chega a 34,6%.

A presença de negros é majoritária no setor de telemarketing (64,1%), limpeza urbana (55,4%), e segurança (52,9%).