O ritual é o mesmo há seis anos. Toda sexta-feira pela manhã a família se reúne e, entre xícaras de café e capuccino, discute a pauta da semana seguinte e faz uma avaliação dos resultados dos últimos dias. A discussão só acaba quando há consenso entre os participantes. Essa é a rotina do maior provedor de hospedagem de sites do Brasil, a Locaweb, em São Paulo. O patriarca do negócio e diretor-executivo é o economista Michel Gora, 56 anos. Seus filhos, Claudio, 30 anos, e Ricardo, 23, cuidam do marketing e das finanças. O sobrinho Gilberto, 32, responde pela tecnologia. ?A nossa união familiar é a receita do sucesso do negócio?, diz Michel.

Originalmente a Locaweb começou em 1997 com Gilberto e Ricardo, que queriam ser empreendedores pontocom. Os dois montaram um site de comércio eletrônico voltado para a indústria têxtil, ramo que conheciam em detalhes porque a família
já atuava no setor. Como a maior parte dos negócios virtuais, o projeto não decolou. Foi então que pediram ajuda a Michel. Na condição de pai e tio, ele entrou como investidor. O último integrante do clã a se unir ao empreendimento foi Ricardo, em 1999. Terminou cuidando da área de cobrança e finanças. ?As nossas divergências são tratadas de maneira profissional, sem a preocupação com os laços familiares?, diz Gilberto.

A Locaweb tem sob sua administração 12% dos domínios existentes no Brasil. São 52 mil endereços arquivados nos computadores da companhia que geram uma receita anual de R$ 17,8 milhões. A meta para este ano é manter a taxa de crescimento de 66% da base de clientes que hospedam sites. Também está prevista a implantação de serviços, além da hospedagem de sites. A Locaweb quer oferecer recursos de telefonia automatizada e de armazenamento de dados corporativos. Nesse último segmento, a empresa conquistou clientes do porte da Microsoft, Philips, SAP e Bic. ?Devemos fechar o ano com R$ 30 milhões de faturamento em todas as áreas?, diz Michel. Outro objetivo é ganhar projeção internacional. Uma pesquisa interna descobriu que mesmo com um site em português havia clientes do Japão, Estados Unidos, Bélgica e Alemanha. Só na primeira etapa da expansão dos negócios para outros países, que requer programas especiais para a conversão do câmbio e equipe técnica bilíngue, foram investidos US$ 200 mil. Para a família, o mais importante é nunca quebrar a regra que garante a sobrevivência do negócio: não levar trabalho para o almoço de domingo. ?Resolvemos tudo durante a semana?, diz Michel.