As negociações indiretas entre o Irã e os Estados Unidos para retomar o programa nuclear de Teerã de 2015 ainda não avançam “como a União Europeia (UE) esperava”, declarou o negociador europeu, Enrique Mora.

“Dois dias intensos de conversas de proximidade em Doha”, declarou Mora no Twitter. “Infelizmente, o progresso que a equipe da UE, como coordenadora, esperava ainda não ocorreu. Continuaremos trabalhando com maior urgência para retomar um acordo-chave para a não proliferação” nuclear, acrescentou.

Pouco antes, o porta-voz da chancelaria iraniana, Nasser Kanani, havia declarado que as conversas, realizadas na capital do Catar, iriam durar dois dias. Antes disso, não havia sido dado um prazo para as negociações que começaram ontem entre o negociador do Irã, Ali Bagheri, e o enviado americano para aquele país, Robert Malley.

– ‘Linhas vermelhas’ –

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, disse que seu país desejava fechar um acordo em Doha, mas que não cruzaria suas “linhas vermelhas”. “Se o lado americano tiver intenções sérias e for realista, há um acordo disponível neste momento e nesta rodada de negociações”, assinalou a agência estatal Irna.

A agência havia informado antes as chamadas linhas vermelhas de Teerã: o levantamento de todas as sanções vinculadas ao acordo nuclear, a criação de um mecanismo para verificar se as mesmas foram levantadas, e a garantia de que os Estados Unidos não irão se retirar novamente do acordo.

Os Estados Unidos declararam hoje que estão decepcionados com suas negociações indiretas com o Irã na capital do Catar: “As discussões indiretas em Doha foram concluídas e, embora estejamos muito gratos à UE por seus esforços, estamos decepcionados com o fato de o Irã ter falhado novamente em responder de forma positiva à iniciativa da UE, e por não ter havido progresso”, lamentou um porta-voz do Departamento do Estado.

As divergências entre os dois países incluem o pedido de Teerã para que os Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica, um braço de seu Exército, sejam retirados da lista terrorista americana.