A NATIONAL GEOGRAPHIC SOCIETY (NGS), sociedade sem fins lucrativos, que nasceu em 1888 com a missão de difundir o conhecimento geográfico e financiar pesquisas científicas, é conhecida principalmente pelo canal de televisão e pela revista que levam o seu nome. Mas ela quer muito mais do que isso: pretende se tornar sinônimo de varejo. É que recentemente ela abriu uma loja no coração da cidade de Londres, em Regent Street, e, na semana passada, inaugurou uma loja em Cingapura. “Temos planos para mais lojas em 2009”, diz Liz Nickless, diretora de comunicação da National Geographic. Os próximos passos apontam para Istambul, na Turquia, e Barcelona, na Espanha, em um investimento total de US$ 44 milhões – dinheiro levantado em parceria com a empresa espanhola Worldwide Retail Store. Nas lojas, os clientes encontrarão – além de produtos relacionados a viagens como guias – roupas e acessórios esportivos, móveis de design, brinquedos, objetos de arte e até jóias importadas da África. O objetivo da sociedade é aumentar o faturamento, que hoje já é de aproximadamente US$ 550 milhões, para reverter parte do lucro para cerca de nove mil projetos de pesquisa da própria Nat Geo, como a sociedade é chamada. “Abrir lojas é o caminho natural da organização”, afirma Kátia Murgel, diretora de programação do canal National Geographic no Brasil.

Ainda não há planos para que o comércio chegue por aqui. Porém, na capital inglesa, desde que foi aberta, a loja tornou-se ponto turístico e passou a concorrer, quem diria, com museus como a National Gallery ou mesmo com o British Museum. Com 1,8 mil metros quadrados divididos em três andares, o espaço abriga auditório, restaurante, estúdio fotográfico, agência de viagens, biblioteca e pavilhão para exposições. O mais impressionante, porém, é a forma como os produtos à venda podem ser testados. A loja conta com salas especiais que simulam tempestades de vento e mudanças bruscas de temperatura para provar a resistência dos equipamentos de aventura. Outra novidade inclui uma parceria com a Sony para instalar um sistema exclusivo de som e imagem. Através de uma rede interna, o mesmo conteúdo pode ser passado simultaneamente nas 42 televisões do local. “Por enquanto, essa é uma ação isolada da National Geographic Society International”, explica Gustavo Leme, vice-presidente da Fox Latina, que possui os direitos do canal no Brasil. “Não há previsão de ter nada parecido por aqui.” A idéia, pelo menos por enquanto, é investir no canal, que, com nove anos de presença no País, alcança cerca de cinco milhões de casas. As novidades com foco na América Latina incluem dois documentários sobre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e dois documentários de produção nacional: um de viagem pela selva, batizado de Across the Amazon, e uma série com o navegador Amir Klink. “Queremos aumentar em 25% a receita de publicidade do canal”, conta Leme. Ao que parece, toda a National Geographic passa por um desafio de se multiplicar sem perder a essência. “A National Geographic vende conhecimento, com uma proposta que se aproxima dos museus”, aponta Jeaninne Carvalho, consultora de marcas da Brand Up. “Eles só têm de tomar cuidado para não sofrer com a superexposição.”