A capital do sul da Itália, Nápoles, prepara-se nesta sexta-feira (13) para introduzir mais restrições contra o alarmante surto de coronavírus, com os hospitais à beira do colapso e médicos atendendo pacientes que aguardam para entrar na emergência em seus próprios carros.

“Quase não temos leitos disponíveis”, reconheceu preocupado, em entrevista à AFP, Rodolfo Punzi, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas do hospital napolitano Domenico Cotugno.

Os médicos precisaram remover os tanques de oxigênio para atender as pessoas diretamente em seus carros, enquanto uma longa fila de automóveis cercava a entrada da emergência.

Vestidos com seus equipamentos de proteção, os especialistas tentavam atender os novos pacientes infectados e que apresentavam sintomas de asfixia.

“Ver os enfermeiros correndo entre os automóveis para levar um tanque de oxigênio me deixa orgulhoso”, reconheceu Punzi.

A segunda onda de coronavírus está atingindo Nápoles com força, pouco afetada em março no início da pandemia que devastou o norte da Itália.

As imagens dramáticas transmitidas em todo país e nas redes sociais de um idoso morto no chão do banheiro da emergência do hospital Cardarelli, de Nápoles, preocuparam a população, assim como as autoridades locais, que lembraram as deficiências sanitárias históricas nessa região, entre as mais pobres da península.

– Todo sul da Itália alarmado –

“A situação na Campânia está fora de controle. Deve ser declarada área vermelha”, pediu o jovem chanceler italiano, Luigi Di Maio, oriundo dessa região, cuja capital é Nápoles, preocupado com as informações alarmantes sobre sua terra.

O governo italiano, que evita declarar o confinamento nacional por medo das consequências econômicas e sociais, estuda a possibilidade de enviar o Exército para montar hospitais de campanha nas regiões do sul mais afetadas.

Os médicos italianos temem também que a segunda onda seja ainda mais grave que a de março, devido ao fato de a equipe de saúde estar insuficiente. Muitos profissionais se infectaram, e outros estão exaustos.

“Pedimos o confinamento imediato de todo país. O aumento do número de mortos e de internados nas unidades de terapia intensiva (UTI) é excessivo”, destacou o presidente do Colégio Nacional de Médicos italianos, Filippo Anelli.

Os contágios na Itália superaram o número simbólico do milhão nesta semana, e o Ministério da Saúde registrou mais de 30.000 casos diários, e 600 mortes, números exorbitantes para um país de 60 milhões de habitantes e que registrou, em outubro, apenas 2.000 casos ao dia e passou julho e agosto sem grandes sobressaltos.