As eleições presidenciais estão se aproximando e o cenário vai ficando cada vez mais definido. As pesquisas apontam para uma polarização entre a direita, personalizada pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL), e a esquerda, representada por Fernando Haddad (PT). Os dois lados têm propostas de País totalmente diferentes e, cada um, a seu modo, se vende como o salvador da pátria. A questão é que nenhum esquerda, representada por Fernando Haddad (PT). Os dois lados têm propostas de País totalmente diferentes e, cada um, a seu modo, se vende como o salvador da pátria.

A questão é que nenhum deles, nem mesmo os outros candidatos que postulam o maior cargo da República, conseguirão colocar o País nos trilhos sozinhos. Não existe mágica ou, como muitos ainda gostam de acreditar, mágico. Boa parte da solução dos problemas do Brasil reside, sim, em Brasília. Mas não no Palácio do Planalto. É no Congresso Nacional que o projeto de País delineado por qualquer presidente é botado em prática. Por isso, lhe pergunto. Você lembra em quem votou para deputado federal nas últimas eleições? Recorda qual foi o senador que escolheu? E nesta eleição, já pesquisou o histórico dos seus candidatos ao legislativo?

A população brasileira, de um modo geral, sempre olhou para os cargos legislativos como decorativos, sem dar a devida importância para postos tão estratégicos. O fenômeno Tiririca, “pior que tá não fica”, está aí para provar. Ele foi eleito deputado federal duas vezes: em 2010, com mais de 1,3 milhão de votos, e em 2014, com mais de 1,1 milhão de votos. Esteve presente, apresentou projetos, mas não fez nada relevante. Recentemente, anunciou que se aposentaria. Mas voltou atrás. E assim, de piada em piada, a coisa vai ficando séria.

De acordo com o mais recente levantamento feito pelo site Congresso em Foco, em maio deste ano, 44 dos 81 senadores da atual legislatura – mais da metade – estão sendo investigados por crimes que vão de corrupção a lavagem de dinheiro, passando por delitos contra a Lei de Licitações. O mesmo é observado na Câmara dos Deputados. A pesquisa aponta que um terço dos parlamentares da casa – 178 dos 513 – está sendo investigado. O pior é que, por desinformação e ignorância de uma parcela significativa da população, muitos deles serão reeleitos. Uma pena diante do que já foi escancarado para a sociedade.

A Operação Lava Jato trouxe à luz o modus operandi de boa parte dos políticos que habitam o Congresso Nacional. Revelou propinas de empresas em troca de projetos que as favoreciam, denunciou executivos que pagavam para enterrar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e escancarou o pior da política brasileira – o fisiologismo e o toma-lá-dá-cá que impera nas relações entre o Executivo e o Legislativo. O apoio em troca de indicações de apadrinhados em cargos públicos; os votos cobrados a peso de ouro, pagos com verbas federais; e a letargia em aprovar pautas urgentes para o País são algumas das peculiaridades que fazem de Brasília um universo à parte. E não é preciso voltar muito no tempo para ver que os nobres parlamentares parecem viver num outro mundo. Há dois meses, os deputados discutiam a aprovação de pautas bomba que custariam cerca de R$ 100 bilhões adicionais aos cofres públicos em um momento em que o déficit de 2019 já é previsto em R$ 139 bilhões.

Desde a redemocratização, em 1985, quando José Sarney assumiu o comando do País, nenhum presidente do Brasil conseguiu governar sem o apoio do Congresso. Fernando Collor e Dilma Rousseff, respectivamente apeados do cargo em 1992 e em 2016, que o digam. Portanto, no próximo dia 7 de outubro, antes de se dirigir à urna eletrônica no primeiro turno das eleições, saiba muito bem quem você colocará na Câmara dos Deputados e no Senado. São eles que, na prática, permitirão que o próximo presidente governe. E você tem o poder de decidir se será com ou sem toma-lá-dá-cá.