Tenho dedicado parte do meu tempo para convocar líderes empresariais e religiosos a abraçarem uma causa importante: o fluxo migratório dos venezuelanos que chegam ao Brasil por Roraima, em busca de esperança para suas famílias.

Recentemente, estive em Pacaraima e fiquei indignado ao ver seres humanos sendo tratados pior do que animais. Acho que ninguém teria coragem de atear fogo em um animal de estimação, mas foi isso que aconteceu com pessoas que estavam nas ruas. Lá, encontrei muitas pessoas vivendo nas ruas, em situação de miséria, incluindo mães com crianças de colo, o que, por si só, é um fato chocante.

É impossível fechar os olhos e fazer de conta que não temos nada a ver com um problema alheio. Alguns criticam o auxílio humanitário destinado aos venezuelanos dizendo que já temos pobres o suficiente em nosso País, por que nos preocupar com a pobreza do estrangeiro? Eu discordo duplamente.

Primeiro devemos sim atender o carente, seja ele de qual nacionalidade for. Segundo, qual foi a última vez que você foi ao supermercado e não havia alimentos para comprar? Ou foi a uma farmácia e não havia remédios nas prateleiras? Ou que teve seus bens confiscados pelo governo? Ou que trabalhou 30 dias para ganhar o suficiente para se alimentar por um dia? Essa é a realidade das pessoas que cruzam a fronteira rumo ao Brasil. Todo esse cenário me leva a pensar: e se o Brasil se tornar uma Venezuela? E se eu fosse o venezuelano?

Martin Luther King já dizia que para o mal prevalecer basta que os bons não façam nada. É óbvio que criticar é bem mais fácil que realizar. Todos sabemos que esse é um problema ocasionado por um ditador irresponsável, um opressor desajustado que fere os direitos humanos de seus cidadãos e que está cada vez mais isolado em suas ações desenfreadas em busca do poder absoluto. Somos um povo solidário e não podemos fechar os olhos para as necessidades de seres humanos que passam fome e sede – e que estão jogados nas ruas, inclusive mães com crianças de colo.

Gostaria de fazer um reconhecimento ao empresário Michael Aboud de Balneário Camboriú, que através de sua organização Embaixada do Reino de Deus está acolhendo 500 venezuelanos no Estado de Santa Catarina. Se tivéssemos mais pessoas como Michael Aboud não haveria necessidade de manter-se milhares de pessoas atualmente alojadas em abrigos em Roraima.

Por isso, acredito que os líderes comunitários cumprem um papel importante ao conscientizar seus membros da necessidade de acolher aqueles que estão num momento de carência e vulnerabilidade extrema. Os líderes empresariais, por sua vez, podem colaborar oferecendo qualificação profissional, treinamento e vaga de empregos ao imigrante que busca melhores condições de vida.

É tudo uma questão de escolha: cruzarmos os braços e esperarmos que os outros resolvam o problema, ou utilizarmos os recursos que temos ao alcance de nossas mãos para mudar essa realidade. Será que 208 milhões de brasileiros não conseguem cuidar de 10 mil desabrigados?

É com essa convicção que convido a todos para participar dessa ação humanitária, cujo objetivo é amenizar o sofrimento de milhares de venezuelanos que buscam esperança e dignidade de vida. Quer contribuir? Escreva-nos com sua sugestão de cooperação para somos.todos@hermanos.net.br.