Apesar do baixo volume de água nos reservatórios, a Sabesp descarta o risco de desabastecimento na Grande São Paulo este ano. Em entrevista à rádio Eldorado nesta quarta-feira, 25, o diretor-presidente da companhia, Benedito Braga, afirmou que mudanças nos padrões de consumo e na infraestrutura do Sistema Cantareira diferem o cenário atual da crise hídrica de 2014, e que desta vez a empresa não trabalha com a hipótese de racionamento.

Segundo Braga, a região metropolitana de São Paulo tornou-se menos dependente do Cantareira nos últimos sete anos. Hoje, afirmou, a companhia retira quase 10 mil litros a menos do Sistema por segundo, graças à transposição de bacias hidrográficas e à redução de consumo da população. “Nós aprendemos com a crise hídrica”, disse. “Antes, desperdiçava-se muita água, hoje temos outro comportamento”.

Há sete anos, o abastecimento de água demandava cerca de 70 mil litros por segundo do Cantareira, valor que caiu para a ordem de 62 mil litros por segundo desde então, segundo Braga. Entre outros fatores, isso aconteceu porque o volume proveniente do Alto Tietê agora é maior, o que reduz a pressão sobre os reservatórios. Braga também citou o uso mais racional da água pela população, que reduziu o desperdício após 2014.

A capacidade do Sistema Cantareira, principal fornecedor de água para a região metropolitana de São Paulo, voltou a preocupar após entrar em nível crítico em agosto. Devido à falta de chuvas, situação típica do inverno, os reservatórios passaram a operar em estado de alerta. No dia 11, o volume útil chegou a 39,9%, valor considerado situação de alerta pela Agência Nacional de Águas (ANA).

O sistema, que abastece 7,2 milhões de pessoas por dia, incluindo parte da capital, deveria estar com pelo menos 60% de sua capacidade para operar em situação normal.

Tendo em vista que o período seco se torne mais duradouro nos próximos anos, por causa da mudança no regime de chuvas causada pelo aquecimento global, a companhia pretende inaugurar, em 2022, a transposição de água do Rio Itapanhaú para o sistema do Alto Tietê. A obra, que começou a ser discutida após a crise de 2014, vai retirar água da Serra do Mar e deve aumentar a capacidade de abastecimento para a Grande SP em dois mil litros por segundo a partir de julho do ano que vem.