Mauro Calil, administrador de empresas com MBA em Varejo e pós-graduação em Marketing, educador financeiro e autor de três livros, é o convidado deste episódio do MoneyPlay Podcast, programa voltado para o mundo das finanças apresentado pelo educador financeiro Fabricio Duarte.

Na entrevista, ele fala como ficou milionário três vezes ao longo da vida, virou educador financeiro e atualmente investe seu patrimônio.

>>> Assista aqui o vídeo na íntegra.

Calil começou a entender a importância do dinheiro ainda criança, quando utilizava uma  máquina em que colocava uma moeda e saía chicletes. “Com o tempo começou a cair cada vez menos bolinhas e isso me deu a noção de inflação”, conta.

Os avós também tiveram grande influência na vida financeira do administrador de empresas. Os pais ensinaram a juntar dinheiro em cofrinhos, a avó dava orientações sobre como funcionava o dinheiro e do avô veio o primeiro lote de ações aos 11 anos de idade. 

Quando estavam almoçando em um restaurante, o gerente do banco ofereceu ações, mas o avô disse que já tinha comprado demais. “Eu o cutuquei e pedi: compra pra mim”, conta. O valor, hoje equivalente a uns R$ 300, era exatamente o valor pago pelo almoço. “Deixei as ações lá e, 20 anos depois, eram suficientes para pagar um apartamento.”

Primeiro milhão de dólares

Calil começou a carreira como executivo de multinacionais e acumulou seu primeiro milhão de dólares em apenas quatro anos. “Eu morava com os meus pais e não tinha gastos para sustentar uma casa. Além disso, tinha um salário bom”, relata.

Ele poupava, em média, 70% da sua renda. E, naquela época, a taxa de juros real era de dois dígitos. “Eu recebia até 22% ao ano na renda fixa”, diz. Com o dinheiro economizado, Calil comprava ações. “Tudo isso se mostrou um terreno fértil: coloquei a semente e a fiz germinar.”

O dinheiro ganho foi todo investido para montar uma casa de forró na periferia de São Paulo, em sociedade com o cunhado. “Entrei com o dinheiro e ele com a experiência no setor”, afirma. Cinco meses depois, ele saiu do negócio e perdeu todo o dinheiro investido. “Sabia que o prejuízo só aumentaria.”

Segunda e terceira chances

O administrador de empresas recomeçou do zero, mas, como ainda tinha um bom emprego, quatro anos depois juntou seu segundo “primeiro milhão de dólares”, agora em menos tempo. Tinha apenas 28 anos. “Voltei para a fórmula que tinha dado certo: gastar o mínimo possível e aplicar em renda variável o máximo possível”, conta. 

Dessa vez, Calil acumulou vários milhões e até parou de trabalhar na empresa para viver de seus rendimentos. Foi nessa época que ele começou a dar aula em uma faculdade. “Já era casado e mulher não aguenta homem em casa”, brinca. Depois ele recebeu um convite para ensinar no extinto Instituto Nacional de Investidores (INI) no Rio de Janeiro. 

Aos 40 anos, Calil passou por problemas pessoais e entrou em depressão. Perdeu tudo novamente, só que dessa vez mais de R$ 6 milhões em dinheiro investido na bolsa, além de imóveis, carro e dinheiro em renda fixa. 

E, mais uma vez, ele conseguiu voltar ao jogo. Foi contratado por um banco de investimento e retornou à rotina de planejamento financeiro. Quatro anos depois, ele já havia alcançado R$ 1 milhão. 

Educação é liberdade

Calil acredita que, no Brasil, falar de dinheiro é mais tabu do que falar de sexo ou drogas. “Não existe uma marcha contra impostos, por exemplo, como tem a favor da maconha”, diz. “As pessoas acham que educação financeira é uma amarra, mas ela liberta. Viver de dividendos é ter a certeza de que todas as suas contas estão pagas.”

O educador financeiro afirma que não é difícil juntar um milhão de reais, mas as pessoas colocam “travas” na cabeça. Calil explica que, na educação financeira, riqueza é ter abundância daquilo que você dá valor e pobreza é a escassez disso. E, como as pessoas não sabem o que elas querem, acreditam que a felicidade está em coisas.

Para o administrador de empresas, a educação financeira, hoje,  está na “boca do povo” e isso é uma coisa boa, mas pouca gente realmente está disposta a educar. “Os profissionais estão mais preocupados com algoritmos”, afirma. “No Brasil, há muita informação errada e grandes players desse mercado estão mais para o ‘entretenimento financeiro’.”

Investimentos

Calil diz não usar uma única estratégia para seus investimentos. “Acho uma miopia gigantesca fazer isso”, diz. Ele conta que raramente faz day trade, modalidade que obtém lucro com a oscilação de preço de ativos financeiros ao longo do dia. “Só faço quando sei que a ação vai cair por conta de alguma notícia depois do fim do pregão ou quando comprei de manhã, surge uma notícia sensacional e a ação subiu até 15% no dia, aí vendo.”

O educador financeiro não aposta no “buy and hold” (comprar e manter, em inglês), quando o investidor compra ações apostando no longo prazo, independentemente das flutuações do mercado. “Não conheço uma pessoa, a não ser os próprios controladores da Magazine Luiza, que surfaram os 4.000% de valorização da empresa”, diz. “Qualquer pessoa que acompanhe os investimentos vai realizar quando render 100%, 200%.”

Calil opera com derivativos (tipo de contrato financeiro, cujo valor depende de um ativo subjacente, grupo de ativos ou referência), faz hedge (investimento feito com a intenção de reduzir o risco de movimentos adversos de preços em um ativo), muitos fundos imobiliários  e vários outros investimentos.

Aprender a investir desde cedo é algo que Calil também ensina aos filhos. “Não dou presente para meus filhos, dou futuro”, diz, referindo-se às ações e fundos imobiliários que compra para os filhos em datas comemorativas e no aniversário. “Mas também propicio experiências, como viagens e passeios. Brinquedo é cacareco e os investimentos estão lá rendendo uma grana para eles.”

Confira aqui os outros episódios do programa, com o economista Ricardo Schweitzer, os educadores financeiros Patricia Lages e André Massaro e o trader e influencer Ricardo Brasil.