Todo mundo pensa que ingerir mais calorias do que se queima é sinônimo de ganho de peso, certo? Um estudo recente afirma que não é tão simples. Os cientistas descobriram que nem todas as calorias são usadas da mesma forma e o ganho de peso é um processo complicado que envolve qualidade dos alimentos, metabolismo e as bactérias do intestino.

O estudo foi pulicado nesta segunda (13) no periódico científico American Journal of Clinical Nutrition e analisa o aumento da obesidade, especialmente nos Estados Unidos, onde as pessoas consomem alimentos ultraprocessados de forma rotineira.

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“Estamos numa epidemia descontrolada de obesidade que continuará reduzindo a expectativa de vida, a menos que façamos algumas mudanças importantes. É mais sério do que a maioria das pessoas imagina”, comenta o pesquisador Walter Willett, da Universidade de Harvard (EUA), um dos autores do estudo, citado pelo jornal americano USA Today.

De acordo com os cientistas, citados pelo periódico, a teoria da quantidade de caloria ingerida e consumida (em forma de exercício, por exemplo) pode servir para culpar as pessoas por aspectos inerentes ao metabolismo e que fora do controle consciente.

“Ninguém culpa alguém que está com febre por não conseguir reduzir a temperatura do corpo. Então não devemos esperar que as pessoas cujos corpos enviam poderosos sinais de fome simplesmente comam menos”, diz o pesquisador David Ludwig, da Universidade de Harvard, outro autor do estudo, também em entrevista ao USA Today.

O desafio é justamente encontrar uma forma de controlar as variáveis associadas ao ganho de peso.

Há um consenso de que o melhor é eliminar os “carboidratos ruins”, como bebidas cheias de açúcar e alimentos ultraprocessados, incluindo cereais matinais, pão branco e salgadinhos. Bastaria substitui-los por frutas, vegetais e grãos integrais.

No estudo recém-publicado, como mostra o jornal americano, reduzir os carboidratos e comer mais alimentos com gorduras benéficas, como azeite de oliva, peixes gordos, abacate e nozes, seria a melhor forma de perder peso e permanecer saudável.

Pessoas que são diabéticas podem precisar cortar ainda mais carboidratos para restaurar a saúde metabólica, na opinião dos pesquisadores.

Segundo o pesquisador Daniel Lieberman, também de Harvard e um dos autores do estudo, em conversa com o USA Today, o hormônio insulina é responsável pela quebra do açúcar no sangue, mas também pelo armazenamento da energia em forma de gordura.

Ele explica que comer grande quantidade de alimentos que causam picos de insulina, em especial os produtos ultraprocessados, faz com que o corpo armazene mais energia na forma de gordura.

“Se eu ingerir uma dieta rica em gordura, não vou aumentar a insulina da maneira que faria se tivesse uma dieta rica em carboidratos”, afirma o cientista ao jornal.

A prática regular de exercícios ajuda a prevenir o ganho de peso, conforme o novo estudo, mas a dieta é mais importante quando se tenta perder quilos.

Outro problema é que os alimentos altamente processados são digeridos principalmente no estômago e no intestino superior, deixando pouco recurso para as bactérias que vivem na parte inferior do intestino, revela o USA Today.

Coma 100 calorias e se forem minimamente processadas, você compartilha essa quantidade com o microbioma. Mas quando se trata de produtos industrializados, as 100 calorias ingeridas vão diretamente para as células, podendo ser armazenadas em forma de gordura.