Por Anthony Boadle e Ricardo Brito e Adriano Machado

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira que o país não pode ficar refém de “uma ou duas pessoas” e reiterou que não admitirá que joguem “fora das quatro linhas” da Constituição”, sinalizando o que deve ser o tom de seus discursos neste 7 de Setembro.

Em transmissão em suas redes sociais nesta manhã, Bolsonaro apareceu entre um grupo de crianças e apoiadores no Palácio da Alvorada acompanhando o hino nacional, antes de seguir para cerimônia de hasteamento da bandeira na Praça da Bandeira . Ninguém usava máscaras de proteção.

Bolsonaro se deslocou para a cerimônia do hasteamento da bandeira em um Rolls Royce aberto, pilotado por Nelson Piquet.

“Nosso país não pode continuar refém de uma ou duas pessoas, não interessa onde elas estejam. Essa uma ou duas pessoas ou entram nos eixos ou serão simplesmente ignoradas da vida pública”, disse Bolsonaro.

“A partir de agora não admito que outras pessoas, uma ou duas, joguem fora das quatro linhas. A regra do jogo é uma só, respeito a nossa Constituição”.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro furaram barreiras policiais e invadiram a Esplanada dos Ministérios em Brasília na noite de segunda-feira, véspera das manifestações pró-governo programadas para este 7 de Setembro.

Caminhões buzinavam enquanto centenas de apoiadores de Bolsonaro vestidos de verde e amarelo gritavam palavras de ordem, como mostraram vídeos postados nas redes sociais.

Mas eles não chegaram a cercar o prédio do Supremo Tribunal Federal, e a praça dos Três Poderes permanece isolada por barreiras policiais, informou a Secretaria de Segurança do Distrito Federal.

Bolsonaro deve discursar a apoiadores em manifestação na região central de Brasília por volta das 10h. À tarde, o presidente deve viajar para São Paulo para falar em outro ato com seus simpatizantes, desta vez na Avenida Paulista.

Há semanas, o presidente tem feito uma convocação para as manifestações do 7 de Setembro, na busca por uma grande demonstração de força política e popular.

Nas redes sociais, convocações para o ato vem também de pastores evangélicos ligados ao bolsonarismo, como Silas Malafaia e o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), e de militares e policiais militares –na maioria dos casos, da reserva, já que os da ativa são proibidos por lei de estarem em atos políticos.

Com baixa popularidade e atrás na corrida à reeleição, segundo as mais recentes pesquisas de opinião, Bolsonaro tem elevado o tom das críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial contra os ministros Alexandre de Moraes, e Luís Roberto Barroso.

Moraes é o relator de inquéritos que têm Bolsonaro entre os investigados, como o das fake news e o do vazamento de dados sigilosos de investigação da Polícia Federal.

Já Barroso, quem também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi um dos opositores da proposta de adoção do voto impresso das urnas eletrônicas, bandeira cara de Bolsonaro, derrotada na Câmara dos Deputados.

Bolsonaro chegou a pedir o impeachment de Moraes –que foi barrado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG)– e ameaçou reagir “fora das quatro linhas da Constituição” contra o magistrado.

O Supremo reforçou a segurança do seu prédio e a dos ministros da corte e seus familiares em razão dos protestos. O esquema de segurança especial do STF conta com o apoio da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Ao mesmo tempo que houve um grande esforço para chamar pessoas às manifestações a favor de Bolsonaro, grupos de oposição também programaram vários atos contra o presidente, entre eles em São Paulo e Brasília.

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