Um grupo de nadadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, ficou tão chateado com as vantagens da atleta transgênero Lia Thomas que cogitou boicotar seu último evento em casa – mas decidiu não fazê-lo por medo de ser banido do campeonato, de acordo com informações do jornal Daily Mail.

Thomas, 22, que quebrou vários recordes na Universidade nesta temporada, gerou indignação por ser elegível sob as regras da NCAA (National Collegiate Athletic Association), uma organização esportiva universitária dos EUA, para nadar em eventos universitários femininos após tomar um ano de inibidores de testosterona.

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Uma fonte próxima à equipe de 41 mulheres que considerou o boicote disse ao jornal que “elas foram ignoradas pela UPenn e pela NCAA”. Ela acrescentou que “há um sentimento entre algumas das meninas de que elas deveriam fazer algum tipo de declaração, aproveitar a oportunidade para expressar seus sentimentos sobre o assunto”.

Após considerar o boicote à competição do próximo dia 8 de janeiro, as nadadoras decidiram não fazer por temerem que a ausência no evento prejudicaria a participação no campeonato de fevereiro, segundo o jornal.

“Sabendo que não têm o apoio da escola ou da NCAA, elas estão relutantes em arriscar sua oportunidade de fazer parte do time de elite da Ivy League”, disse a fonte.

Outras fontes disseram ao Daily Mail que a controvérsia provavelmente ocupará os holofotes no evento de janeiro, que é tradicionalmente um momento para as veteranas chamarem a atenção (sobre o assunto).

“É um dia muito emocionante e deve ser um reconhecimento para os veteranos de todas as conquistas ao longo dos anos. Essas meninas ainda estão determinadas a garantir que recebam a devida atenção e que seu momento seja celebrado como deveria ser”, acrescentou a fonte ao jornal.

O pai de uma das nadadoras sugeriu protestar de outras maneiras. “Se fosse eu, subiria com uma placa no meu peito dizendo algo como, ‘NCAA, fale! Precisamos de respostas’”, disse ao Daily Mail. “Mas é possível que as nadadoras acabem sem fazer nada porque têm muito medo de serem vistos como transfóbicos.”

No início deste mês, Thomas arrebatou sua competição nas preliminares e finais de freestyle. Nas finais, ela alcançou um tempo de vitória de 4: 34,06 – bom o suficiente para um novo recorde da competição.

Thomas disse que ela está tomando um medicamento contínuo de bloqueadores de estrogênio e testosterona. Antes de sua transição, ela competiu por três anos na UPenn como um homem.

Um editorial do Swimming World advertiu que, se a NCAA não intervir, os impactos deste caso são comparáveis ​​aos do doping. “Por quase 20 anos, ela construiu músculos e beneficiou da testosterona produzida naturalmente no seu corpo. Essa força não desaparece da noite para o dia, nem mesmo com um ano de supressores”, relatou o editor da revista.

A nadadora Nancy Lynn Hogshead, que ganhou três medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos Olímpicos de 1984, acredita que “as mulheres transgênero devem competir com as mulheres biológicas, desde que possam demonstrar que mitigaram as vantagens atléticas que a puberdade masculina traz”, escreveu no Daily Mail.