Até pouco tempo atrás, lugar de monitor de cristal líquido (LCD) era no escritório ? e, quase sempre, apenas na sala dos chefes. Mas há um novo fenômeno no mercado. Com a queda dos preços e a convergência de tecnologias, eles estão se espalhando por todos os departamentos das empresas e ocupando espaço até mesmo na sala de estar das residências. Se antes só tinham função conectadas aos computadores, as finas telas de LCD agora ganham vida também associadas a notebooks ou a adaptadores que a transformam em um aparelho de televisão. Com as novas possibilidades, as vendas explodiram no País ? cresceram 200% nos seis primeiros meses de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado. E já desbancaram até o antigo e pesado monitor de tubo. Para 2007, a previsão é de que os brasileiros comprem nada menos que 9 milhões de monitores para computadores ? destes, sete milhões serão LCDs. ?A produção de LCD para atender o mercado brasileiro teve que aumentar para suprir a demanda?, conta Reinaldo Sakis, analista do IDC.

O fenômeno é recente, mas já tem uma empresa surfando nos seus efeitos. Desde o início do ano a coreana Samsung assumiu a liderança do segmento e atualmente domina 30% do mercado. Boa parte da expectativa de alta de seu faturamento ? de US$ 910 milhões em 2006 para mais de US$ 1 bilhão este ano ? é baseada na venda de telas de cristal líquido. ?Assim como o celular e o computador, o LCD virou um ícone da era digital?, diz Wladimir Gomes Benegas, diretor de produtos digitais da Samsung. A estratégia da companhia para conquistar mercado foi lançar uma variedade maior de modelos que suas concorrentes, oferecendo produtos em todas as faixas de tamanho (de 15 a 20 polegadas) e preços. Outro fator, segundo Benegas, é justamente a presença de modelos no mercado nacional, que estão bastante próximos dos últimos lançamentos em outros mercados. ?A velocidade com que os brasileiros estão se adaptando à tecnologia está muito rápida?, conta. E, além do preço em queda ? hoje um monitor de LCD de 19 polegadas custa cerca de 400 dólares no País ?, o acesso ao crédito também funcionou como estopim para a explosão de vendas dos LCDs. ?Ninguém ainda percebeu, mas isso não existia em informática?, conta Benegas.

Mais importante que isso, no entanto, foi a mudança de percepção do consumidor. ?Se antes o monitor LCD era objeto estranho no varejo, agora o equipamento ganhou destaque?, afirma Benegas. Hoje, as redes de varejo não o oferecem apenas como um complemento ao PC, mas também como um aparelho multifuncional, capaz de concorrer, com vantagens, em vários segmentos. Um exemplo clássico é a sua transformação em home theater. Um aparelho convencional para turbinar uma TV pode custar em média R$ 5 mil. Com um monitor LCD de 19 polegadas, com alta definição, e um adaptador conectado ao computador, a sala de cinema doméstica pode sair por pouco mais de R$ 1 mil. Além disso, se a chamada convergência de mídia estiver realmente próxima, você terá em mãos um equipamento pronto para operar nos novos padrões de transmissão da TV digital.

Outras vantagens que justificam o investimento no monitor, segundo especialistas, é a economia de espaço devido à área de ocupação do LCD (os monitores são finos e de tamanhos variados), a nitidez das imagens com aproveitamento de 100% da tela, aparelhos que não geram calor no ambiente e o menor consumo de energia. ?O conforto visual e para o bolso dos compradores empurra a venda de monitores no Brasil. O setor vai crescer ainda mais?, explica Sakis. Para a Samsung é uma boa notícia. ?Quando o assunto é convergência digital, existe uma área nebulosa que não consegue dizer se o computador vai substituir a televisão. Nessa, o monitor ganhou espaço?, conta Benegas.