Escute estes números. No ano passado havia 4,2 bilhões de dispositivos com assistentes de voz digital sendo usados em todo o mundo, segundo o Statista. Este ano, apenas em janeiro houve aumento de 18% no interesse das empresas em criar estratégias que utilizam a voz, aponta a Speechmatics. Essa combinação fará o mercado global atingir US$ 7,7 bilhões em 2025, de acordo com pesquisa da Zion Market Research. Não à toa a Microsoft desembolsou US$ 19,7 bilhões para adquirir a Nuance Communications, que tem entre suas principais ferramentas o Dragon, um software de reconhecimento de fala que transforma comandos de voz em texto. Números que confirmam a mudança da Era do Clique e do Touch para a Era da Voz. É nessa onda que a empresa carioca Benext tem surfado.

Após três anos de atuação, com avanços em app voices com inteligência artificial e machine learning, a companhia lança a ferramenta Bevoice, de analytics de voz, e abre escritório em Nova York, nos Estados Unidos. “A nova forma de se relacionar com as máquinas é pela voz, e isso vai revolucionar a relação entre marcas e clientes”, disse Daniel Deivisson, CEO e um dos sócios da Benext, junto de Brunno Gens e Enio Santiago. “Ter um assistente de voz e analisar seus dados torna-se tão essencial quanto ter um website, um app, um e-commerce, uma estratégia de social media. Está crescendo bastante e vai explodir cada vez mais.”

A internacionalização da Benext ocorre após rápido crescimento. Criada em 2018, a startup dobrou de tamanho em 2020 e alcançou R$ 3,5 milhões de receita, em um negócio focado em soluções voicefirst, que conceitua, projeta e desenvolve interfaces de voz, criando actions e skills para os ecossistemas do Google Assistente – inclusive ganhou o selo Google Expert Partners – e Amazon Alexa. As áreas mais demandadas são de experiência do consumidor e marketing.

INTERAÇÃO Voice app da Colgate tira dúvidas sobre problemas odontológicos e engaja o cliente de uma maneira diferente. (Crédito:Divulgação)

Para este ano, prevê aumentar em 50% o faturamento a partir do lançamento do Bevoice, desenvolvido em três línguas (inglês, português e espanhol) para analisar métricas dos acessos e das interações dos usuários aos voice apps. E, segundo seus executivos, já recebe consultas de investidores interessados em potencializar a expansão. A Benext desenvolveu duas dezenas de voice apps para clientes de variados segmentos. Além da maior rapidez e praticidade no uso da voz, outra vantagem é não ter a necessidade de fazer downloads, pois os aplicativos ficam armazenados na nuvem.

Entre seus cases está o da Colgate. O consumidor que abre o Google Assistant para buscar informações sobre a marca tem acesso ao app programado para fazer interação. A pessoa pode tirar dúvidas sobre problemas odontológicos, como sensibilidade e higiene bucal, por exemplo. A resposta, baseada em consultas a especialistas, também ocorre em áudio. A Colgate Kids também criou junto a Benext um aplicativo que ensina a escovar os dentes de maneira lúdica, com músicas e jogos, a partir de comandos de voz. São 200 mil usuários ativos do voice app da Colgate. “Conseguimos engajar o consumidor de uma maneira diferente”, afirmou Daniel Deivisson, que desde 1996 trabalha com tecnologia.

Já a Skol Hops criou seu aplicativo de voz mais focado em marketing, para divulgar a nova linha de cerveja. O app, acionado pelo assistente de voz, fornece informações sobre o produto e onde comprar. O mesmo ocorreu com o ketchup Heinz. Na Era da voz, em um mundo em que tocar nas coisas gera perigo de contaminação viral, falar com o consumidor e ser ouvido são questões de vivência e sobrevivência.