Pioneira no compartilhamento de carros elétricos no Brasil, a BeepBeep não se assusta com o período de imprevisibilidade trazido pelo surto global de Covid-19 e asfalta o terreno para manter as projeções de crescimento –o serviço, que tem 30 veículos em duas cidades paulistas (a capital e São José dos Campos), pretende encerrar o ano com 100 em pelo menos mais três municípios (Guarulhos-Aeroporto de Cumbica, Campinas-Aeroporto de Viracopos e Barueri). “A meta é terminarmos a crise mais fortes e atrativos para nossos clientes”, afirma o CEO, Fábio Fagionato.

O executivo diz que monitora a demanda e pode reduzir a operação B2C temporariamente, por causa da quarentena. Enquanto as decisões são estudadas, a empresa orienta os usuários sobre a importância da higienização pessoal e do carro, aumenta a frequência de limpeza dos automóveis e adota home-office para funcionários do setor administrativo.

DENSIDADE DEMOGRÁFICA A companhia foi lançada em julho do ano passado, em São Paulo, com aporte de R$ 3 milhões. “A população paulistana está acostumada ao uso de tecnologia e tivemos a visão de que o compartilhamento de veículos elétricos era uma tendência”, afirma Fagionato. Outros pontos levados em consideração foram a densidade demográfica e a grande oferta de eventos e de centros comerciais espalhados por diversas regiões. “Se não der certo em uma cidade com essas características, não dará em lugar nenhum”, diz Fagionato.

Inicialmente, foram disponibilizados 10 automóveis, com poucas estações de carregamento. Hoje, são 30 veículos, espalhados por pontos que permitem a rezalição da carga e em locais de grande fluxo de pessoas – a maioria em shoppings, hotéis, supermercados e centros comerciais. Por isso, é fundamental o acompanhamento em tempo real dos desdobramentos da crise provocada pelo coronavírus.

Os veículos têm autonomia média de 300 quilômetros. “A sensação do carro elétrico é ótima, não faz barulho e quando acelera, responde.” O app já tem 20 mil downloads. Para usar o serviço, paga-se R$ 4,90 para a liberação do carro e R$ 0,40 por minuto (até seis horas). Para reservas acima de 48 horas, o valor cai, chegando a R$ 0,18 o minuto. As recargas são gratuitas e o valor do seguro está no preço. “E não tem burocracia. É um modelo de negócio que reúne sustentabilidade, mobilidade e tecnologia.”

Mobilidade ampliada

Com foco na mudança de hábito provocada pela pandemia da Covid-19, a startup Vai ampliou em 1.200 unidades a frota de veículos para compartilhamento – o número total não é divulgado por questões contratuais. O aumento se deve à necessidade de locomoção dos trabalhadores de serviços essenciais e mira ainda na retomada do mercado após a quarentena. Especializada em locação mensal de automóveis, a empresa se diferencia pelo DNA estritamente digital. “Somos uma plataforma de tecnologia que opera sem lojas físicas. É a principal diferença em relação aos concorrentes”, diz João Paulo Galvão, cofundador e CEO.

Criada em Miami, em 2016, por Galvão, Fernando Fiuza e o canadense Apoorv Gupta, a Vai trocou os Estados Unidos pelo Brasil, onde passou a operar em dezembro de 2017, sob o comando de Helio Netto, após aplicação inicial de US$ 10 milhões. Seus investidores são a Bossanova Investimentos e o Grupo BMG e espera faturar R$ 320 milhões até 2021 – a receita entre janeiro e setembro de 2019 foi de
R$ 60 milhões. Em fevereiro, a startup captou R$ 380 milhões para acelerar a expansão. A meta é chegar a 12 mil veículos ainda este ano. “Temos um plano muito claro a longo prazo e estamos preparados para possíveis diminuições nos negócios por alguns meses durante o período da pandemia.”

A empresa simplifica o aluguel, não exige depósito caução e não faz consulta de crédito – 60% dos usuários são motoristas de aplicativos. Em outubro, a Vai atingiu 100 mil inscritos na plataforma. A contratação do serviço é feita por meio de aplicativo para smartphone ou website. O cliente escolhe o modelo, a data de entrega e o meio de pagamento. As locações são mensais, com pagamentos semanais. Motoristas da empresa entregam e retiram o carro na casa do cliente. Manutenção, seguro e revisões estão incluídos no preço e a quilometragem é livre. Atualmente, Vai opera em São Paulo, em Guarulhos e no ABC Paulista. (Angelo VEROTTI)