Há países em que o futuro chega. Tipo, a Inglaterra. Um projeto intitulado Midlands Future Mobility (MFM) vai equipar uma rede de 160km – chegará a mais de 300km – para promover testes em situações reais de trânsito para veículos autoconduzidos. “Isso ajudará a criar um cluster para organizações e empresas relacionadas ao segmento CAM (Connected and Automated Mobility)”, diz em comunicado a TfWM (Transport for West Midlands), autoridade de transporte da região. Inicialmente, a rede vai conectar Birmingham, Coventry, Solihull e Warwickshire e será otimizada para coletar dados, medir a interação do público e monitorar de forma
constante as tecnologias adotadas. Será um grande laboratório em tempo real da indústria de automóveis e da mobilidade.

Num primeiro momento, os veículos autônomos terão condutores e apenas com o avanço dos testes eles serão autoconduzidos. Mas mesmo nesta fase haverá uma pessoa a bordo para assumir o controle em situações de emergência. Participam da iniciativa entidades privadas, governo e universidades. O projeto deve fazer receita aceitando parcerias de todos os portes em duas vertentes: ações virtuais ou reais. No descritivo oficial do projeto os testes físicos públicos são oferecidos com “monitoramento inteligente, a mais recente conectividade sem fio e completa rede de suporte”, enquanto os experimentos virtuais podem ser realizados em “instalações externas ou num espaço de simulação [do Midlands Future Mobile] de última geração”.

Experimentos nesses níveis pedem conexões 5G. E nesse campo o Brasil nem data para o leilão da tecnologia tem. Por cenários assim o futuro da mobilidade parece ainda mais distante em países que mergulham no atraso. “As estradas serão um local mais conectado, em que os motoristas podem fazer suas viagens com mais segurança e as mercadorias podem ser entregues com mais eficiência”, afirma John Fox, diretor de projeto da Midlands Future Mobility. Ah: com preocupações ecológicas norteando tudo, como deve ser. “O futuro da mobilidade será mais inteligente, seguro e mais verde”, diz um comunicado da Universidade de Warwick, integrante do projeto. O futuro pegou uma porta. O Brasil pegou a outra.

(Nota publicada na edição 1173 da Revista Dinheiro)