Em entrevista à DINHEIRO, Luciano Tavares, fundador e CEO da gestora de investimentos Magnetis, falou sobre a meta da empresa para 2020 e de como fará para atingir o objetivo proposto. O executivo também defende a necessidade de digitalização da gestão na montagem de uma carteira diversificada.

A Magnetis é uma gestora de investimentos digital. Qual tem sido a aceitação do modelo no mercado brasileiro?
Tem sido muito boa e está crescendo bastante. Desde 2015, quando a Magnetis começou a operar, já montamos cerca de 300 mil planos de investimentos e temos, hoje, R$ 400 milhões sob gestão. Nossa meta é atingir R$ 1 bilhão até o fim do ano. Temos uma retenção altíssima de clientes. A maioria daqueles que entraram no começo do projeto continuam com a gente. É possível aplicar a partir de R$ 1 mil, o que torna a plataforma acessível.

Como funciona essa forma de investimento?
É tudo digital. O investidor acessa o site ou aplicativo da Magnetis, responde perguntas sobre objetivos e sobre algumas características que possibilitarão ao sistema traçar o perfil dele e, a partir daí, montar um plano de investimento personalizado. Tudo on-line, em poucos minutos. Usamos algorítimos que possibilitam montar essa carteira. Tudo é feito com base em Inteligência Artificial.

Mas não há nenhum analista que acompanhe isso, ou que pelo menos cheque se a carteira escolhida é realmente adequada?
Usamos modelos matemáticos capazes de encontrar a melhor combinação de ativos para as pessoas. Claro que temos uma equipe de gestão por trás que monta tudo isso, mas é o sistema que analisa e traz a melhor solução, além de fazer o acompanhamento constante da carteira. Se houver alguma dúvida, nós oferecemos atendimento com especialistas em canais próprios, como um chat. Mas acreditamos que, na hora de investir, um sistema com robôs é muito mais capaz do que um gestor humano. Hoje o mercado brasileiro oferece mais de 20 mil ativos financeiros entre fundos, ações, títulos de renda fixa, entre outros. Esses ativos mudam de preço todos os dias e possibilitam trilhões de combinações. Quem tem mais capacidade de analisar tudo isso? O sistema ou o humano? Para cálculos e melhores carteiras, a gente usa o sistema. Para atender, conversar com um cliente, tirar dúvidas, aí sim, é necessário um humano.

Quanto os clientes pagam de taxas?
Cobramos uma taxa fixa de 0,6% ao ano sobre o valor total da carteira. Se o cliente tem R$ 100 mil investidos, conosco ele vai pagar R$ 600 por ano ou R$ 50 por mês. Não é um valor tão alto. Isso dá mais segurança ao cliente porque com a taxa fixa não temos por que empurrar produtos financeiros que sejam ruins para o investidor e bons para nós.

A crise provocada pela pandemia dificultará alcançar a meta de R$ 1 bilhão em ativos?
O impacto da pandemia não foi tão grande para nós porque, em nosso modelo, trabalhamos com investimentos de longo prazo. Então, as pessoas investem para ficar cinco, dez anos ou mais. No pior momento, as pessoas até se mostraram um pouco assustadas, mas o fluxo de saques foi semelhante ao de meses anteriores à crise, bem normal. Houve, mesmo assim, queda nos valores de muitos ativos, que agora estão se recuperando. No máximo, pode acontecer de essa crise atrasar em poucos meses chegarmos à meta, mas temos segurança de que, se não atingirmos, chegaremos muito perto.

E quais as estratégias para acelerar?
A estratégia está em nossas iniciativas de educação financeira. Oferecemos conteúdo e ferramentas gratuitas para ajudar as pessoas a investirem. Também desenvolvemos um trabalho por meio de redes sociais que ajuda a alcançar mais pessoas.

PESQUISA
Fintechs lideraram as captações no ano passado

Levantamento recente do hub de inovação Distrito mostra que as fintechs receberam aportes em 2019 de cerca de US$ 910 milhões, volume quase três vezes maior do que em 2018. O montante levantado representa cerca de um terço da captação total feita pelas startups brasileiras no período. A razão para boa parte do capital ser direcionado às fintechs está no fato de que, no Brasil, existe uma percepção de grandes oportunidades nas áreas de pagamentos e de digitalização bancária. Nubank (US$ 400 milhões), Creditas (US$ 231 milhões) e Neon (US$ 100 milhões) são as que mais obtiveram recursos no ano passado.

PARCERIA
Banco Rendimento adota solução de fintech

A Ripple, fornecedora de soluções de blockchain para pagamentos, anunciou parceria no Brasil com o Banco Rendimento, que vai utilizar a aplicação da RippleNet Cloud, rede global de pagamentos baseada na nuvem. O serviço permite operações entre instituições financeiras que integram o sistema. No primeiro trimestre deste ano, 81% dos novos clientes da RippleNet optaram pela implantação na nuvem. Atualmente, a fintech opera em mais de 45 países. Segundo porta-voz do Banco Rendimento, o objetivo é dar mais transparência e navegação facilitada para os clientes enviarem pagamentos e negociarem.

Número da semana
50% 

é o percentual de queda do fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) na América Latina, em 2020, previsto pela Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês). Em 2019, o fluxo na região foi de US$ 164 bilhões e a expectativa é de que este ano o montante seja menor em cerca de US$ 80 bilhões. A informação está no Relatório Mundial de Investimentos 2020, publicado pela agência na terça-feira (16). “A pandemia vem levando as economias da região a uma profunda recessão e exacerbando os desafios na atração de investimentos estrangeiros”, afirma James Zhan, diretor de investimentos e empresas da Unctad. Ele avalia que os baixos preços de petróleo e das commodities prejudicarão o investimento nas principais economias da América do Sul – Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Peru –, que dependem de IED em indústrias extrativas. Outras economias, especialmente as do Caribe, serão duramente atingidas pelo colapso do turismo e pela interrupção dos investimentos no setor de viagens e lazer.