O ouro voltou a ganhar destaque no Brasil com a declaração de um prefeito do Maranhão que afirmou ter recebido pedido de propina do pastor Ailton Moura, que integraria um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC). Teria sido pedido 1 kg de ouro em troca da liberação de recursos públicos à construção de escolas.

Com o início da invasão russa sobre a Ucrânia, o ouro também foi bastante citado na imprensa especializada pelo aumento nos investimentos, já que se trata de um ativo mais seguro diante das incertezas que o conflito traz às economias mundiais.

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A B3, que oferece diversos contratos financeiros que acompanham o valor do ouro no mercado internacional, diz que a cotação do ouro “reflete as expectativas do mercado internacional atreladas ao mercado interno e à variação do dólar. O valor deste metal está mais relacionado com a aversão e tomada de risco do que com as dinâmicas da oferta e da procura”.

O ouro é considerado uma reserva de valor durável: embora apresente uma volatilidade relativamente mais baixa do que outros ativos, ele não desvaloriza, é finito e escasso, possui liquidez internacional e é aceito como garantia em negociações de outros ativos.

Apesar da segurança e ter valorizado mais de 250% na década passada, quem investiu recentemente em ouro pensando em uma valorização com a guerra na Ucrânia ainda não teve retorno.

“O ouro, tradicionalmente, é uma reserva de valor, mas ele tem velocidade nem sempre condizente com o humor dos investimentos. O ouro se valorizou muito pouco em relação a outros momentos de tensão no mundo (em comparação à Ucrânia). Um dos motivos a essa pequena variação é que durante anos a Rússia fez uma reserva de US$ 150 bilhões em ouro e pode começar a vender sua reserva para cobrir as despesas de guerra, o que pode impactar no preço do metal”, explica Vinicius Machado, economista e gestor de investimentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Machado explica que, no Brasil, o ouro é negociado em grama: atualmente R$ 310. Ou seja: a propina de 1 kg de ouro que teria sido pedida no MEC valeria R$ 310 mil. A B3 contrato padrão de ouro, que corresponde a um lote de 250 g de 24 quilates, que representa pureza de 99,99%.

Fora do Brasil, o ouro é comercializado em onça (28,34 kg): em torno de US$ 1.900.

Ainda é possível comprar ouro físico, em barras (que podem valer mais que dinheiro devido à segurança a longo prazo), mas o custo de armazenamento faz muitos investidores de médio e grande porte desistirem. A Ourominas, por exemplo, oferece desconto no mês de março à venda de ouro para mulheres.

“Não parece ser um bom investimento, atualmente, o aporte em ouro. Importante destacar que o ouro no Brasil chama ‘OZ1D’. Se o dólar se valoriza, eu ganho porque a cotação é em dólares. Então o OZ1D teve dificuldade de valorização no Brasil porque o dólar caiu (nos últimos dias). Quem investiu em ouro no Brasil por temor da questão da guerra, acabou não se dando bem. Não perdeu dinheiro, mas ficou no empate”, afirma Machado.

Segundo o World Gold Council, todo o ouro já extraído na história da humanidade tem massa de 190 mil toneladas. A estimativa é que ainda existam mais 50 mil toneladas para ser minerados. No Brasil, a extração de ouro movimenta R$ 14,2 bilhões por ano, segundo a Agência nacional de Mineração (AMN).

A North Star, que ainda se instala no Pará, diz promover práticas comprometidas com pilares de ESG, sigla para Governança Ambiental e Social, com investimentos para comunidades carentes em regiões de mineração, para promover, além da extração, uma refinaria de ouro com tecnologia italiana ainda inédita no País.