Durante os últimos sete anos, a operadora Nextel e a fabricante Motorola viveram dias de glória no mercado brasileiro de comunicação instantânea por rádio. A situação era praticamente de monopólio. Não havia concorrentes para fazer frente à tecnologia na qual o usuário aperta um botão para falar com seus colegas sem pagar pulsos telefônicos. Essa festa, porém, tem data para acabar. No segundo semestre, as operadoras Vivo e Claro tornarão viável a utilização de celulares comuns nesse mesmo mercado de comunicação instantânea. A mudança permitirá que outros fabrican-
tes como Nokia, Samsung, Siemens, LG e Sony Ericsson atuem num setor que deverá ter 20 milhões de clientes na América Latina em 2008, contra os atuais 1,1 milhão da Nextel. ?Sabemos que teremos competição pela frente?, afirma Carlos Piazza, gerente de marketing da Nextel. ?Mas ter celulares com um botão de comunicação instantânea não é o suficiente para competir conosco?, diz Piazza.

O setor que mais atrai interesse é o corporativo. Como as vendas de celulares pré-pagos cresceram nos últimos dois anos, as margens de lucro das operadoras caíram significativamente no País. Assim, as empresas começaram a cobiçar os clientes da Nextel. Tradicionalmente, essa é a marca com maior presença nas empresas e que, por isso, mais consegue obter receitas por usuário. Nos Estados Unidos, o tíquete médio da Nextel é US$ 10 superior ao das concorrentes. Além disso, a companhia tem os clientes mais fiéis. ?Não há dúvida de que a competição será forte?, diz Guilherme Barreira, diretor da divisão de empresas da Claro. ?Há espaço para todos?, diz Jesper Andersen, vice-presidente de estratégia da Ericsson, que ajudou a desenvolver a tecnologia.

O novo serviço trará muitas inovações. Na tela do celular, o usuário poderá ver que outras pessoas estão com o aparelho ligado. Com um aperto de botão, passa a se comunicar simultaneamente com quem escolher. ?É uma solução perfeita para quem está sempre em movimento?, diz Rogério Poros, gerente de soluções da Nokia, que desenvolveu uma tecnologia própria. Com essas facilidades, espera-se que ocorra uma mudança significativa no perfil dos usuários dessa tecnologia. Executivos e funcionários de empresas gradualmente devem ceder espaço para famílias, grupos de jovens e crianças, que poderão utilizar a comunicação instantânea para agendar encontros e combinar tarefas. ?Os celulares estão nas mãos de uma fatia muito grande da população?, diz Andersen, da Ericsson.