Há um sopro de retomada no ar e o mercado está percebendo. O risco Brasil, por exemplo, caiu a praticamente zero. Em outras palavras, os investidores não veem qualquer possibilidade de o País quebrar ou dar um calote. A razão disso está atrelada à aprovação da reforma da Previdência, ao encaminhamento de uma agenda de medidas de crescimento prestes a sair do papel e, também, ao controle da inflação e de uma taxa de juros básica, que vai caindo seguidamente. É histórico isso. Política à parte, a economia começou a andar bem.

Ao longo deste ano o Brasil já se converteu no quarto principal destino de investimentos do G-20. Significa, em termos financeiros, inversões de mais de US$ 28 bilhões apenas nos primeiros seis meses de 2019. A tendência é de alta geométrica. Para reforçar essa perspectiva, o governo Bolsonaro, em seu giro asiático, acabou por assinar oito acordos bilaterais com os Emirados Árabes, que estão animados em investir nos países emergentes do fôlego do Brasil. Os Emirados almejam parcerias para desenvolvimento, produção e comercialização de produtos conjuntos – especialmente na área de defesa.

Um dos tentos mais vistosos do entendimento comercial da delegação brasileira na região foi a promessa de inversões da ordem de US$ 10 bilhões por parte do fundo soberano árabe. O ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acalenta a esperança de que, no rastro desse gesto, outros países como Japão, Rússia, África e EUA façam o mesmo. Seria a consagração nacional como porto de preferência das finanças globais. O terreno vem sendo preparado. Os juros básicos por aqui caíram ao menor patamar da história, ficando na casa de 5%, podendo ainda recuar até 4%. Essa nova realidade estimula a busca por crédito, financiamentos e consequentes apostas em projetos de expansão. O ciclo virtuoso parece se mover.

No plano dos consumidores, as classes A e B cresceram e atingiram 14,4% da população – perto de 30 milhões de pessoas. É o melhor índice nesse sentido na última década. Ao mesmo tempo em que o número de famílias ricas e da classe alta avançou, as classes menos favorecidas (D e E) mostraram estabilidade. Nesse tocante, pode não ser o comportamento ideal. O desejável seria uma queda na quantidade de pessoas em situação de pobreza. Mas, diante do quadro de agudo desemprego, que demora a mudar, não deixa de ser alvissareira a ideia de que o contingente da baixa renda parou de aumentar. Certa é a volta ao trilho do desenvolvimento de um bonde que por longa temporada andou desgovernado.

(Nota publicada na Edição 1145 da Revista Dinheiro)