O Ibovespa pode ter o terceiro dia consecutivo de perdas se acompanhar o comportamento desfavorável no exterior. Lá fora, as bolsas europeias cedem e a indicação é de abertura em baixa em Nova York. Contudo, o Ibovespa iniciou a quinta-feira, 7, com leve alta, sugerindo que o mercado pode ter exagerado na véspera, quando encerrou com queda próxima a 4,00% (-3,74%), aos 94.635,57 pontos, em meio à indefinição da reforma da Previdência.

Às 10h10 desta quinta, o principal índice da Bolsa subia 0,52%, aos 95.125,10 pontos.

As perdas registradas na véspera pela bolsa brasileira podem ter sido exageradas, o que pode dar espaço para elevação nesta quinta, observa o analista Álvaro Frasson, da Necton Investimentos. “Pode ter uma inversão de papéis alta aqui e queda lá fora. Ontem, a queda do Ibovespa foi exagerada”, opina.

Os ruídos em torno da reforma foram citados como os principais motivos do recuo do índice brasileiro. “Pode ter sido um movimento exagerado, uma espécie de recado para o governo que se a reforma não sair, o mercado pode piorar ainda mais”, diz. Mas, completa: “Pode ter sido somente uma realização e a Bolsa voltar a subir.”

Apesar de o Ibovespa ter iniciado o dia em leve alta, o operador Luiz Roberto Monteiro, da Renascença, ressalta que não há argumentos para um ambiente favorável por aqui. “Lá fora não está ajudando. O índice brasileiro perdeu dois suportes importantes e pode até cair mais, pois subiu demais”, avalia.

Na quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reiterou à emissora GloboNews, que a votação da reforma da Previdência será tratada como prioritária no plenário da Casa. Nesta quinta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, terá reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), às 15 horas.

Na reta final de elaboração da proposta de reforma da Previdência que será apresentada ao Congresso, Guedes tem feito reuniões esta semana para costurar o encaminhamento da matéria. Ele já se encontrou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

Além da cautela externa e o impasse com relação ao avanço da reforma previdenciária, o noticiário ruim envolvendo a Vale tende a deixar o investidor na defensiva. “Até agora, não saiu nada de concreto relacionado à Previdência, mas somente perspectivas. O mercado foi embalado pela expectativa de avanço da reforma. Só que ainda não saiu nada e, além do mais, tem a questão da Vale”, observa Monteiro.

Na quarta, as ações ON da mineradora fecharam em queda de 4,88%, na mínima, na Bolsa brasileira, enquanto em Nova York o American Depositary Receipt (ADR) encerrou com declínio de 6,19%, diante de notícias de que a empresa sabia de problemas com sensores na barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), dois dias antes do rompimento que matou de 150 pessoas e deixou 182 desaparecidos, de acordo com e-mails obtidos pela Polícia Federal. Nesta manhã, no pré-mercado norte-americano, o ADR operava estável.