Era questão de tempo para a nova variante do coronavírus encontrada em Manaus, possivelmente mais perigosa, se espalhar para o Brasil. Nesta terça-feira (26) o Instituto Adolfo Lutz confirmou que três casos de infectados em São Paulo carregavam a mutação.

E isso aconteceu ainda depois de Japão e Estados Unidos já terem identificado traços da mutação da covid-19 em pacientes que estiveram no Brasil nas últimas semanas. Em entrevista à CNN, o diretor executivo do Centro de Contingência da covid em São Paulo, João Gabbardo, disse que a chegada dessa variante na maior cidade do País já era esperada, por isso foram anunciadas medidas mais restritivas na semana passada, colocando todo o estado na fase laranja do Plano SP, com lockdown completo todos os dias após 20h.

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O que se sabe da nova variação do coronavírus?

A antecipação de São Paulo deveria soar como alerta para todo os estados, uma vez que a variante já está rodando fora do Brasil e estudos realizados em outros países já procuram atestar o perigo real da nova cepa. Segundo a BBC, pesquisadores de dez instituições, incluindo a Imperial College London e a Universidade de Oxford, ambas na Inglaterra, e da Universidade de São Paulo (USP), publicaram artigo no site Virological descrevendo casos da nova variante que recebeu o nome de “P.1”.

Acredita-se que ela tenha surgido entre novembro e dezembro do ano passado e os cientistas analisaram o material genético de 31 amostras de pacientes com covid-19 em Manaus. Um pouco menos da metade deles (13 pacientes) apresentavam a nova linhagem. O Japão foi o primeiro país a detectá-la fora de Manaus.

É comum durante pandemias, conforme muitas pessoas vão se infectando, que o vírus sofra mutações genéticas com o passar dos dias. Outras mutações já foram detectadas no Reino Unido e na África do Sul.

Por isso é importante que cientistas sigam acompanhando o tipo de infecção apresentado nos pacientes para determinar a gravidade do problema e as autoridades possam tomar medidas de contenção mais firmes, evitando que mais pessoas sejam infectadas por essas variantes mais potentes.

O que significa variante do coronavírus?

No caso da mutação de Manaus, as mudanças ocorreram nos genes que codificam a espícula (spike), uma estrutura que fica na superfície do vírus e permite que ele invada células do nosso corpo, tornando-o mais infeccioso.

A P.1 é derivada de uma das variantes predominantes no País, a B.1.1.28. O potencial de transmissão dela pode ser maior por causa da mutação N501Y, presente nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul.

Outra mutação que causa preocupação nas autoridades é a E484K. Estudos apontam que ela consegue escapar de anticorpos, podendo causar novas infecções e atrapalhando o desempenho das vacinas.

Ainda não se sabe o real potencial dessa variante, mas os relatos clínicos de médicos que estão atuando em Manaus dão conta de que a deterioração dos pacientes é maior e mais rápida. Uma análise científica sobre isso deve sair em breve.