O paulistano Rodrigo Galvão, sob qualquer ponto de vista, não carrega nenhum traço do estereótipo de um alto executivo de multinacional. No comando da operação brasileira da gigante de tecnologia Oracle, com faturamento global de US$ 39,8 bilhões em 2018, sua missão, mais do que vender softwares e serviços de armazenagem de dados em nuvens, é fazer 2 mil funcionários felizes. “Não queremos ser moderninhos nem passar uma imagem de empresa cool, mas provar que a transformação precisa acontecer de dentro para fora”, diz Galvão. Aos 36 anos, é o mais jovem presidente da história da empresa.

Pouco antes de conversar com a DINHEIRO, na moderna sede da companhia, na capital paulista, ele pegou seu violão e cantou para um grupo de funcionários e potenciais parceiros. A música escolhida era da banda de rock californiana Red Hot Chili Pepers. “Felicidade é a chave do negócio”, argumentou o presidente. Vestindo calça jeans, camisa por fora e sapatos sem meias, lembrava um fundador de startup do Vale do Silício. “Muita gente ainda não entendeu que a sociedade de hoje não vive uma transformação digital, vive uma transformação cultural, em que o ser humano, não a tecnologia, está no centro dos acontecimentos”, afirma.

A receita de felicidade da Oracle está gerando lucro e novos negócios. Segundo Galvão, a subsidiária brasileira está crescendo a um ritmo acima de 20%. “Apostamos muito nos serviços voltados a pequenas e médias empresas, sem negligenciar o tradicional trabalho voltado às grandes”, garante. “Atualmente, 20% das receitas no Brasil vêm das menores.” E para continuar sorrindo, e fazendo as pessoas felizes, Galvão vai capitanear um programa de qualificação de 30 mil pessoas nos próximos três anos em toda a América Latina – a metade desse contingente será formada no Brasil. “A transformação do mundo passa pela inovação, pela inclusão e pela educação.”

(Nota publicada na Edição 1105 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Felipe Mendes e Gabriel Baldocchi)