16/09/2021 - 21:50
Embora não saibam exatamente o porquê, cada vez mais cientistas acumulam evidências de que a Sonata para Dois Pianos em Ré Maior de Mozart (conhecida como K448) ajuda a reduzir a atividade elétrica cerebral associada à epilepsia. Agora, um novo estudo publicado na revista acadêmica Scientific Reports confirma essa associação.
A equipe de pesquisadores analisou a hipótese de que ouvir a K448 por apenas 30 segundos poderia ativar redes neurais associadas a respostas emocionais positivas à música, reguladas pelo córtex frontal. Em caso positivo, a ativação dessas redes poderia contribuir na redução dos picos de atividade elétrica associados à doença entre pacientes com epilepsia refratária — forma da doença que é resistente a medicamentos.
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A forma refratária da epilepsia atinge cerca de um terço dos portadores do mal — que, ao todo, são 1% da população global. Além de convulsões e suas comorbidades associadas, pessoas com epilepsia também apresentam descargas epileptiformes interictais (IEDs), que são sinais biológicos identificadores da doença associados à frequência das crises e ao comprometimento da cognição.
As IEDs surgem do disparo sincronizado de neurônios envolvidos em redes epilépticas. Assim, as intervenções relacionadas com IED podem fornecer informações sobre novas terapias para epilepsia e suas comorbidades relacionadas. Uma delas, com boas evidências acumuladas, é o uso da música como uma forma não invasiva e não farmacológica de neuromodulação (regulação da atividade neural).
Apesar de o estudo norte-americano ter trazido esperanças para o aperfeiçoamento de técnicas de tratamento da epilepsia com base em novas informações sobre a atividade neural dos pacientes, os autores destacam que muito ainda precisa ser estudado para que os dados possam ser usados. “Acredito que entender melhor como o cérebro reage à música fará com que, futuramente, possamos pensar nela como uma possibilidade de intervenção, não sozinha, mas incorporada a técnicas já utilizadas”, adianta Charyton.