Era uma vez dois engenheiros alemães, Gottlieb Daimler e Karl Benz, que, no fim do século XIX, decidiram unir esforços para desenvolver motores cada vez mais potentes e velozes. Faziam isso tão bem que acabaram atraindo o interesse de um dos maiores empresários austríacos, o barão Emil Jellinek, que tinha duas grandes paixões: tecnologia e corridas de automóveis. Milionário, Jellinek encomendou, de uma só vez, 36 carros à dupla. Era tanto dinheiro, algo hoje equivalente a US$ 3 milhões, que Daimler e Benz retribuíram a encomenda à altura. Batizaram os carros com a marca Mercedes, nome da filha de Jellinek. Nascia ali uma marca que, nos últimos cem anos, foi sinônimo de qualidade, status, luxo e poder. Essa história de glórias que cerca a Mercedes-Benz pode ser vista, em todos os seus detalhes, num verdadeiro templo ao automóvel, na cidade de Stuttgart, ao sul da Alemanha. O museu Mercedes, que a cada ano atrai 420 mil visitantes, guarda verdadeiras preciosidades da história automobilística. Lá, podem ser vistos os modelos encomendados por Jellinek, assim como os desenhos que saíram das pranchetas dos engenheiros Daimler e Benz ? os primeiros automóveis do mundo foram criados pela dupla em 1886. Portanto, já são quase 120 anos de inovação, design e tecnologia, expostos nos três andares do museu.

Entre as jóias do acervo Mercedes-Benz está a ?flecha de prata?, um dos carros mais famosos da história do automobilismo, que foi imortalizado nas mãos de pilotos como Juan Manuel Fangio e Stirling Moss entre as décadas de 30 e 50. Com o formato pontiagudo, o modelo revolucionou a aerodinâmica dos carros da Fórmula 1 e ajuda a explicar por que o argentino Fangio se tornou um mito das pistas de corrida. Por tudo isso, uma visita ao museu Mercedes é também um passeio pela história da velocidade. A primeira prova de automobilismo de que se tem registro
ocorreu na França, entre Paris e Rouen, em 1894. Foi vencida por um carro com
motor Daimler, que atingia 20,5 quilômetros por hora. Os avanços tecnológicos foram tão intensos que, em menos de dez anos, um outro carro de corrida com motor Mercedes chegou a 148,5 quilômetros por hora. E, em 1938, a montadora desenvolveria o modelo que bateu o recorde mundial de velocidade, nas mãos do piloto Rudolf Caracciola. Para realizar essa façanha, foi utilizado um motor de 736 cavalos de potência, numa estrada entre Frankfurt e Darmstadt, na Alemanha. A velocidade máxima chegou a 432,7 quilômetros horários e é a maior já atingida em estradas públicas até hoje.

No museu, além dos monumentos à velocidade, estão também expostos carros desenvolvidos sob medida para grandes autoridades mundiais, como príncipes árabes, papas e o ex-chanceler alemão Konrad Adenauer. Além disso, há duas salas de cinema em que são reproduzidas corridas históricas, lançamentos de automóveis e diversas peças publicitárias. No que diz respeito ao marketing, a estrela de três pontas que representa o nome Mercedes surgiu apenas em 1909. Depois de três adaptações, chegou-se, em 1923, ao formato da estrela envolta em um anel, que dura até hoje. Para quem ama automóveis, tecnologia e design, o museu Mercedes é um passeio imperdível.