Há dois anos um mistério intriga os fãs de ficção científica. Quem é o comprador anônimo que tem arrematado os mais preciosos artefatos sobre o tema, em leilões milionários ao redor do mundo? Coisas como máscaras do filme O Planeta dos Macacos ou a cadeira da qual o Capitão Kirk comandou a nave Enterprise em Jornada nas Estrelas, levada por US$ 250 mil. O enigma chegou ao fim: Paul Allen é o nome do homem. E ele não só apareceu, como resolveu mostrar seus brinquedinhos ao público. Ex-sócio de Bill Gates na Microsoft e quinto homem mais rico do planeta (fortuna pessoal de US$ 21 bilhões), Allen está montando um supermuseu de ficção científica em Seattle. O prédio, que será inaugurado em junho, é um monumento futurista de quatro andares e 1,2 mil
metros quadrados projetado pelo arquiteto Frank Gehry, o mesmo
do Museu Guggenheim de Bilbao. Custou US$ 20 milhões, e Allen pagou sozinho, do próprio bolso.

Mais do que os artigos de cinema e séries de tevê, o que promete ser a sensação do museu é o que Allen chama de ?experiência em ficção científica?: áreas em que o visitante poderá, por meio de efeitos especiais, caminhar pela superfície de um planeta longínquo, transformar-se num humanóide com a ajuda da engenharia genética, adaptar-se para respirar água em vez de ar e travar contatos com alienígenas. Tudo de modo virtual, é claro.

 

Um playground particular para um camarada que desde menino sonha com viagens espaciais? Exatamente. Mas também um modo de angariar fundos para a razão de viver de Allen desde que ele abandonou a Microsoft, em 1983: a busca de vida lá fora. O milionário já doou US$ 600 milhões a institutos que se dedicam a pesquisar a existência de inteligência extraterrestre. Seu Museu de Ficção Científica, primeiro do gênero no mundo todo, não terá fins lucrativos, mas cobrará (e bem) pelos ingressos. O mais barato custará US$ 40, e o mais caro, US$ 10 mil ? este último para empresas que desejam contribuir com a ciência e, claro, deduzir 90% do valor no imposto de renda. E para mostrar que se trata de algo ?pé no chão?, Allen contratou para dirigir o museu a cientista Donna Shirley. Gerente do Programa de Exploração Marciana da Nasa, ela liderou o projeto de US$ 1 bilhão que culminou no lançamento do jipinho Sojourney ao planeta vermelho em 1997. Allen espera receber 200 mil visitantes por ano. E garante que: ?Há duas coisas vitais na cultura americana: para ouvir, rock?n?roll; e para ler e ver, ficção científica?.