A Holanda anunciou neste sábado (27) que está analisando se 61 pessoas procedentes da África do Sul que deram positivo à covid-19 estão afetadas pela nova variante omicron, que está provocando o isolamento mundial do sul da África, cujos líderes lamentaram estarem sendo “castigados”.

Além disso, na Alemanha as autoridades informaram que já existe um possível primeiro caso dessa variante nova e muito contagiosa, em uma pessoa que retornava da África do Sul. Seria o segundo país europeu a confirmar a presença da omicron em seu território, depois da Bélgica.

Na sexta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirmou que o risco de que a nova variante da covid-19 se espalhe pela Europa é “de alto a muito alto”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que essa variante é “preocupante” assim como a atualmente dominante delta e as detectadas anteriormente, alfa, beta e gama.

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Segundo as autoridades de saúde holandesas, os 61 passageiros que deram positivo viajaram em dois aviões procedentes da África do Sul, nos quais havia outros 531 passageiros que deram negativo. Por enquanto, estão em quarentena em um hotel nos arredores do aeroporto de Amsterdã.

“Os resultados positivos serão examinados rapidamente para ver se estão relacionados com a nova e preocupante variante”, explicaram.

Na Alemanha, o ministro para Assuntos Sociais da região de Hesse (oeste), Kai Klose, disse que é “muito possível que a variante omicron tenha chegado” ao país, já que os testes realizados na sexta-feira com este viajante revelaram “várias mutações típicas da omicron”.

“Essa pessoa foi isolada em seu domicílio devido a esses grandes indícios. O sequenciamento ainda não foi concluído”, acrescentou.

– “Castigados” –

Também na República Tcheca, o primeiro-ministro Andrej Babis disse que estão estudando o caso suspeito de uma mulher que deu positivo ao chegar ao país após ter passado por Namíbia e viajado para a República Tcheca via África do Sul e Dubai.

A nova mutação fue notificada pela primeira vez pela África do Sul em 24 de novembro. Desde sexta-feira, cada vez mais países suspendem as viagens com a África do Sul, Zimbábue, Namíbia, Lesoto, Essuatini (ou Suazilândia), Moçambique e, em alguns casos, Malawi.

Neste sábado, o governo sul-africano se disse “castigado” por ter detectado a nova variante e lamentou que sua excelência científica por tê-la descoberto acabe penalizando o país.

“Essas proibições de viagem castigam a África do Sul pela sua capacidade avançada no sequenciamento de genomas e em detectar mais rapidamente as novas variantes. A excelência científica deveria ser aplaudida e não castigada”, disse o governo em um comunicado.

“Vemos também que há novas variantes detectadas em outros países. Nenhum desses casos tem relação recente com o sul da África. E a reação com esses países é radicalmente diferente da gerada pelos casos no sul da África”, lamentou o ministério das Relações Exteriores neste comunicado.

Na sexta-feira, a OMS disse que poderia levar várias semanas para determinar se a nova variante provoca mudanças na transmissibilidade ou gravidade da covid-19, assim como na eficácia das vacinas, e alertou contra a imposição de restrições de viagens enquanto a evidência científica é escassa.

– Novas vacinas ou mais vacinas? –

Os laboratórios Pfizer/BioNTech informaram que estão estudando urgentemente a eficácia de sua vacina contra essa nova variante e que teriam dados “em duas semanas no mais tardar”.

Neste sábado, o cientista britânico que liderou as pesquisas sobre a vacina Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus, Andrew Pollard, afirmou que é possível criar uma nova contra a variante omicron “muito rápido”.

O professor considerou que é “altamente improvável” que esta nova variante se propague com força entre a população já vacinada.

O coronavírus deixa mais de 5,18 milhões de mortos em todo o mundo desde sua aparição na China no final de 2019, embora a OMS estime que os números reais possam ser muito maiores.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a nova variante deve incentivar o resto do mundo a doar mais vacinas às nações mais pobres, destacando que seu país “já doou mais vacinas para outros países que todos os demais países juntos” e “é hora” de se igualar à sua “generosidade”.

Cerca de 54% da população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina anticovid, mas nos países de baixa renda essa proporção é de apenas 5,6%, segundo o portal Our World in Data.