A França anunciou nesta quinta-feira (27) o uso obrigatório de máscara em toda região de Paris, enquanto Alemanha e Coreia do Sul, apontadas como exemplos no controle da pandemia, também reforçaram as restrições diante do vírus.

Com o retorno das férias de verão, na Europa os novos focos estão-se tornando críticos: em média, a Alemanha registra 1.500 novos casos por dia; a França, mais de 3.000; e na Espanha, com a situação mais grave no continente, os novos contágios diários chegam a 8.000.

Já obrigatória em cidades como Marselha, Nice, ou Toulouse, a máscara também será exigida em toda capital francesa, onde já deve ser usada em locais fechados, nos transportes públicos e em algumas ruas, anunciou o primeiro-ministro francês, Jean Castex.

“Nosso objetivo é fazer todo o possível para evitar um (novo) reconfinamento generalizado”, disse Castex.

Quase ao mesmo tempo, as autoridades alemãs, onde os números de novos casos são os mais elevados desde o fim de abril, anunciaram a aplicação de multa a quem não usar a máscara e o limite de 25 pessoas para reuniões.

Além disso, a Alemanha, que prolongou até 14 de setembro as restrições das viagens turísticas para países de fora da União Europeia, ampliará até o fim do ano a proibição de público em feiras, festivais e estádios. É uma ducha de água fria para os clubes de futebol, que esperavam ter o retorno dos torcedores nas arquibancadas na nova temporada, que começará em setembro.

Como aconteceu com a Alemanha na Europa, a Coreia do Sul foi considerada um exemplo na gestão do coronavírus, mas agora registra recordes de contágios diários (441 nas últimas 24 horas).

Depois de intensificar durante a semana as medidas de restrição, nesta quinta-feira, o país fechou as portas do Parlamento, com um grupo de deputados em quarentena, ante temores de propagação do vírus.

– Mais de 826.000 mortos –

Desde seu surgimento na China em dezembro, o vírus já provocou mais de 826.000 mortes e 24 milhões de contágios, de acordo com um balanço da AFP com base em dados oficiais dos países.

A América Latina é a região mais afetada pela pandemia, com 266.000 vítimas fatais e quase sete milhões de contágios.

E a COVID-19 não dá sinais de recuo: a Argentina registrou na quarta-feira o recorde de 10.550 contágios em 24 horas, para um total de 370.175 casos. O país contabilizou 237 mortes em um dia, o que elevou o total de óbitos para 7.839.

O Peru tem os piores números em termos proporcionais do continente, com 843,5 mortes para cada milhão de habitantes. Já superou 600.000 casos e se aproxima de 28.000 óbitos.

Apesar dos números e das dificuldades para conter o vírus, alguns países, como Israel, Argentina, Peru, ou Panamá, têm protestos para exigir maior abertura das atividades econômicas, ou reclamar ajudas aos hospitais e aos mais vulneráveis.

Em meio ao cenário de calamidade, o furacão Laura, que provocou 25 mortes na passagem pelo Caribe, atingiu nesta quinta-feira a costa da Louisiana, no sul dos Estados Unidos, provocando temores nos abrigos.

“As pessoas que entram (nos centros de proteção) usam desinfetante nas mãos, passam por controles de temperatura e mantêm uma distância física de dois metros”, disse Angela Jouett, que lidera a operação de evacuação em Lake Charles.

Os Estados Unidos permanecem na liderança dos países mais afetados pela pandemia, com 5,8 milhões de casos confirmados e quase 180.000 mortes.

Apesar do balanço, as autoridades de saúde, que incentivavam as pessoas sem sintomas a fazer o teste caso tivessem entrado em contato com alguém infectado, agora consideram desnecessário procurar o exame, sem apresentar explicações.

– Emergência na educação –

As consequências da pandemia são gigantescas em número de mortes e no setor econômico, assim como no âmbito social.

Muitos países optaram por retomar as aulas sob medidas rígidas de segurança, como Grã-Bretanha, ou França, onde o uso de máscara nas escolas e universidades será obrigatório, a partir de determinada idade, no início do ano letivo na próxima semana, anunciou o governo.

A pandemia privou das aulas 463 milhões de crianças que não conseguiram acompanhar o ensino a distância durante o fechamento das escolas, segundo um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicado esta semana.

“O grande número de crianças com a educação completamente interrompida durante meses é uma emergência educacional mundial”, alertou a diretora desta agência das Nações Unidas, Henrietta Fore.

A ONU considera que quase 1,5 bilhão de crianças foram afetadas pelo fechamento das escolas e pelos confinamentos.

Apenas na América Latina, a falta de Internet, essencial em tempos de pandemia, limitou o acesso ao trabalho e ao ensino remoto em 40 milhões de residências, de acordo com um relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).