Os esforços de reformas para prevenir a ameaça de novas pandemias são lentos e fragmentados, o que deixa o mundo pouco preparado, como quando surgiu a covid-19, adverte um relatório divulgado nesta quarta-feira (18).

Há um ano, um grupo de especialistas independentes apresentou um relatório crítico na Assembleia anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), o qual afirmava que a má coordenação e as decisões equivocadas permitiram que a pandemia de covid atingisse uma escala catastrófica.

Na época, o grupo independente, copresidido pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark e a ex-presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf, elaborou uma lista de medidas necessárias para superar a covid e garantir que o mundo estivesse melhor preparado para enfrentar ameaças futuras.

Em um relatório de avaliação redigido um ano depois, no entanto, o grupo, que não está mais ativo, alerta que o mundo continua “brincando” e que a inação está criando “as bases para outra pandemia”.

“Temos, em grande medida, as mesmas ferramentas e o mesmo sistema que existia em dezembro de 2019 para responder a uma ameaça pandêmica”, disse Clark à imprensa.

“E não eram suficientemente bons”, completou.

Clark, porém, elogiou que o “trabalho de transformação necessário a nível mundial para prevenir a próxima pandemia já começou”, apontando como os novos mecanismos criados após o surgimento da covid possibilitaram a entrega de 1,5 bilhão de doses de vacinas aos países mais pobres.

Também elogiou os esforços em curso para diversificar a produção de vacinas e medicamentos antivirais.

Um acordo ainda é aguardado para que a OMS tenha a sua disposição um financiamento mais seguro e flexível, ao mesmo tempo que são traçados planos para a criação de um fundo específico para pandemias.

Mudanças estão sendo estudadas nas regras sanitárias internacionais, assim como um novo “instrumento jurídico” – como um tratado ou outra forma de acordo – para simplificar a abordagem mundial de preparação e a resposta a uma pandemia.

Mas Clark advertiu que todas as mudanças acontecem a um ritmo muito lento e que as modificações no orçamento da OMS não devem ser plenamente aplicadas por quase uma década.