Em 2002, a China entrou no roteiro de Alexandre Ostrowiecki, CEO da brasileira Multilaser, marca que vende desde computadores e celulares até drones, babás eletrônicas, aspiradores, brinquedos e secadores de cabelo, entre outras categorias. Para desenvolver acordos de importação de componentes e de produtos acabados, o empresário aprendeu até o idioma local. Agora, aproveitando o início das celebrações do Ano Novo Chinês, ele gravou um vídeo agradecendo, em mandarim, os mais de 500 fornecedores do país da Grande Muralha. “É uma ação simbólica para reforçar a importância dessa relação com a nossa principal parceira comercial”, diz Ostrowiecki.

A China é crucial na estratégia da Multilaser de oferecer um portfólio de 3,5 mil produtos a preços que caibam no bolso dos consumidores brasileiros. Com esse modelo, a receita da companhia cresceu 30% em 2018, para R$ 2,1 bilhões. Boa parte desse avanço foi impulsionada por mais de mil lançamentos, com destaque para a entrada nas categorias de notebooks, eletroportáteis e ventiladores. Para 2019, a projeção é faturar R$ 2,5 bilhões. Uma das principais apostas é a estreia no segmento de TVs. São 4 modelos de Smart TVs, de 32” a 42”, e preços que variam de R$ 1.199 a R$ 1.799. A Multilaser também está ampliando o foco em smartphones. Até então, a oferta estava concentrada em aparelhos de entrada. Agora, o portfólio passa a incorporar modelos intermediários, de R$ 500 até R$ 1 mil.

Depois de investir mais de R$ 60 milhões para ampliar sua produção nas fábricas de Extrema (MG) e de Manaus (AM) no ano passado, a empresa está segurando novos aportes. A grande dúvida é se o governo do presidente Jair Bolsonaro seguirá apoiando a indústria nacional ou promoverá uma maior abertura no mercado. “Precisamos entender se a indústria brasileira vai quebrar do dia para a noite ou se terá um tempo para se ajustar”, observa Ostrowiecki. Outra iniciativa em compasso de espera é o IPO da companhia, programado inicialmente para meados do ano passado. “Cancelamos o plano na época porque o mercado estava muito fechado. E perdemos esse apetite no momento”, afirma. “Nada impede de retomarmos essa ideia. Mas isso não acontecerá em 2019.”

(Nota publicada na Edição 1104 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Carlos Eduardo Valim, Felipe Mendes e Moacir Drska)