Nos últimos anos, a subsidiária brasileira da montadora americana General Motors (GM) funcionou como um ponto fora da trajetória normal da companhia. Era uma das poucas unidades lucrativas em uma corporação à beira da falência. Desde a semana passada, a filial incluiu outro ingrediente nesse, digamos, jeito diferente de ser, ao se tornar a primeira subsidiária comandada por uma mulher.

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“Minha meta é levar a GM à liderança do mercado”
Denise Johnson, presidente da GM do Brasil

A americana Denise Johnson,  44 anos, chega para substituir o colombiano Jaime Ardila, que foi alçado ao posto de presidente da recém-criada divisão América do Sul da GM. É também a primeira executiva a presidir uma montadora no Brasil.O fato de ser mulher, e bonita, chama a atenção de seus interlocutores. Mas suas credenciais tanto acadêmicas quanto profissionais não deixam dúvida de que se trata de uma profissional com profundo conhecimento do setor automotivo. 

 

Graduada em engenharia mecânica e detentora de mestrado nessa área e em negócios, no prestigioso Massachusetts Institute of Technology (MIT), Denise ingressou na GM aos 25 anos. Trilhou uma carreira consistente na empresa, ocupando postos de destaque nas áreas de engenharia, produção e planejamento.

 

Antes de vir para o Brasil atuava como vice-presidente para relações trabalhistas da GM da América do Norte. Neta de metalúrgicos, Denise atingiu um status jamais sonhado por seus antepassados e já traça planos ambiciosos. 

 

“A GM do Brasil é a GM do futuro”, diz ela à DINHEIRO. Para atingir esse patamar Denise pretende ampliar o status da subsidiária no organograma da corporação. Tanto nas áreas de desenvolvimento de produtos globais quanto na geração de caixa. “Minha ambição é colocar a GM na liderança do mercado”, completa. 

 

Com cerca de 1,70 metro de altura, Denise transita com desenvoltura por ambientes predominantemente masculinos, como a linha de montagem. Nessas ocasiões costuma trocar o indefectível tailleur por um conjunto de blazer e calça, sempre em tons sóbrios. 

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Carro global: o Agile, desenvolvido no Brasil, é uma das apostas da GM para conquistar o mercado externo    

 

Com um jeito afável e fala mansa, porém firme, ela expõe seus pontos de vista. Seu principal hobby é a corrida. Um esporte que, segundo ela, ajuda em seu dia a dia como executiva. “Para correr você precisa ter disciplina, foco, consistência, estratégia, persistência e um objetivo a conquistar”, conta. Denise não será uma voz solitária no alto escalão da companhia no Brasil. Terá a companhia de quatro mulheres que já ocupam posições-chave na filial. 

 

A nova presidente da GM do Brasil está herdando um orçamento de investimentos de R$ 5 bilhões para o período 2008-2012. O montante será gasto na ampliação das linhas de produção e a instalação de uma fábrica de motores em Joinville (SC). 

 

Isso, contudo, pode não ser o suficiente. É que, apesar de manter uma fatia em torno de 19% do mercado brasileiro de veículos, a GM está diante de dois desafios: acelerar o lançamento de produtos e definir uma estratégia para enfrentar o avanço das coreanas Hyundai e Kia, além das montadoras chinesas. 

 

“A GM não tem sido ágil o bastante”, critica Valdner Papa, professor da Trevisan Escola de Negócios. Denise rebate: “Temos um portfólio competitivo e que está sendo continuamente ampliado.”