O CEO da plataforma de gestão financeira Guiabolso, Thiago Alvarez, também é membro do conselho responsável pela implantação do Open Banking. Enquanto a sociedade espera um impacto positivo imediato, Alvarez avalia que as instituições financeiras vão demorar pelo menos dois anos para aprender a usar a grande quantidade de informações disponíveis.

As empresas do setor financeiro já estão preparadas para o Open Banking?
Não. A implantação do Open Banking vai ocorrer em quatro fases, e só depois de a última estar implantada é que as mudanças vão começar para valer. Do ponto de vista tecnológico, as empresas estão preparadas, até porque elas precisarão se adaptar para poder se conectar ao sistema. Porém, muitas instituições financeiras não saberão o que fazer com a grande quantidade de informações que estarão disponíveis após a vinda do Open Banking.

Por que as instituições não saberão usar as informações?
Vamos usar como exemplo o extrato de um cartão de crédito. Aparece a data da compra, descrição e valor. O que fazer com essa informação? Conectar-se ao sistema será relativamente fácil, mas saber usar a informação será muito mais difícil. Vai depender da capacidade de cada um. É uma questão de interpretação e deve demorar uns dois anos para os bancos saberem usar os dados com inteligência.

Qual o cronograma de implantação do Open Banking?
A primeira fase será em 30 de novembro e visa apenas disponibilizar a relação dos canais de atendimento dos bancos como agências, terminais e outros pontos operacionais e também seus produtos financeiros. A segunda etapa, em 31 de maio, permitirá a portabilidade de cadastro e dados financeiros de pessoas física e jurídica. A terceira fase juntará Open Banking e PIX e permitirá movimentação financeira. Está prevista para 30 de agosto. Por fim, a quarta e última etapa será em 25 de outubro, quando entrarão outros produtos, como seguros e investimentos.

Estar totalmente dentro do que exige a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é a maior preocupação de vocês?
Na realidade é o contrário. A LGPD diz que o dado é do consumidor. Bem antes, o Banco Central (BC) já havia divulgado normas indicando que também tem esse entendimento, mas havia a necessidade de uma legislação específica para seguir em frente. Ou seja, a LGPD foi necessária para a criação do Open Banking, que está sendo elaborado para funcionar totalmente dentro do que ela ordena.

Como evitar que tanta informação não seja usada de forma inadequada?
Isso não vai acontecer. Para acessar a informação, a empresa precisa do consentimento do consumidor, com identificação validada por senha no ambiente da instituição financeira. É diferente de uma consulta passiva, em que a informação está aberta. O cliente tem de autorizar o banco a transferir os dados com essa finalidade específica para outra instituição. E as camadas de segurança são fortes.

PRIVATE EQUITY
Advent conclui captação de R$ 11 bilhões 

A investidora global especializada em private equity Advent International anunciou na terça-feira (29), que concluiu a captação de recursos para o Advent Latin American Private Equity Fund VII (LAPEF VII ou Fundo). O LAPEF VII recebeu o equivalente a R$ 11 bilhões (US$ 2 bilhões) em compromissos de investidores institucionais de todo o mundo. Segundo a Advent, os recursos serão investidos principalmente no Brasil, na Colômbia, no México e no Peru com possibilidade de aproveitar oportunidades na Argentina e no Chile. O fundo terá flexibilidade para alocar capital em diferentes tipos de negócios e tamanhos, com aportes variando entre US$ 50 milhões e US$ 300 milhões ou mais.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Icatu Seguros apoia iniciativa social Poupare

O economista Daniel Fuks acaba de lançar a Poupare, uma iniciativa de impacto social com foco em educação financeira, voltada para as classes sociais em maior vulnerabilidade econômica. O objetivo da Poupare é fazer com que as pessoas consigam assumir o controle de sua vida financeira, aprendendo conceitos básicos de finanças pessoais, reduzindo o endividamento e investindo em longo prazo através de custo reduzido. Para tanto, o projeto tem o apoio da Icatu Seguros, que oferece um fundo de renda fixa com taxa de administração de 0,80% e aportes mensais a partir de R$ 100. “Meu sonho é ajudar a reduzir o atual percentual de 67% da população que começa o mês com alguma dívida e não tem nenhuma reserva financeira”, disse o economista.

Número da semana
3,28%

Foi a alta do Índice de Preços ao Produtor (IPP) em agosto, levemente acima dos 3,22% de julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (29). No ano, o IPP acumula alta de 10,80%. Em 12 meses, o avanço está em 13,74%. O resultado de agosto foi a maior alta desde o início da série histórica, em janeiro de 2014. Foi a primeira vez na história do IPP que houve aumento de preços em todas as 24 atividades monitoradas pelo IBGE. Segundo o Instituto, os preços dos alimentos, que subiram 4,07% no mês estão entre os principais responsáveis pela aceleração do índice, contribuindo com um ponto percentual da alta geral. Apesar de os preços das atividades de refinar petróleo e destilar etanol terem subido 6,52%, sua contribuição para o IPP foi de 0,52%, menor que a dos alimentos. Na indústria de transformação, por setor, houve alta de 1,62% em bens de capital, de 4,03% em bens intermediários, 2,94% em bens de consumo semiduráveis e 0,60% em bens de consumo duráveis.