O fundador e CEO IDtech unico, Diego Martins, foi o convidado da live da IstoÉ Dinheiro nesta quinta-feira(3). Na conversa, ele falou sobre identidade digital, desburocratização, controle e segurança de dados, aspectos ligados umbilicalmente à biometria digital. Na entrevista, Martins afirma que no futuro bem próximo as pessoas vão poder executar quase tudo de forma digital, quando se tratar de identificação, desde abrir o carro, como dar entrada em um hotel, embarcar em qualquer meio de transporte e até eleger nossos governantes.

“Muita coisa no futuro será feita por biometria, inclusive votar para presidente”, diz Martins, e brinca: “O sonho é que as calças jeans não tenha mais bolsos.”

A empresa foi criada por ele em 2007 e desenvolve tecnologias para simplificar as relações entre pessoas e empresas. Na prática, eles utilizam ferramentas de reconhecimento facial para autenticar identidades (dados), admissão à distância e assinatura eletrônica. São centenas de clientes, entre eles os maiores bancos, varejistas, e-commerces e fintechs do Brasil, que utilizam as soluções para a gestão segura de dados de seus clientes e funcionários.

Na entrevista, ele avalia que cada pessoa deve ter o controle de seus dados e, a partir de uma identidade única, ter acesso às mais variadas possibilidades, sem ter de ficar provando quem é a todo momento. “Nossa missão é digitalizar o país via o mercado privado.”

Acreditando na ideia de que cada pessoa é única e que isso basta para abrir todas as possibilidades de uma sociedade mais digital, Martins acaba de mudar a marca da empresa – antes chamava-se Acesso Digital.

O CEO conta também sobre o surgimento da empresa, o pioneirismo em criar produtos inovadores que os posicionaram como líderes de mercado. No entanto, ele revela o momento de transformação mais importante da empresa, que aconteceu em 2015, quando eles estagnaram. Falando de forma transparente, ele revela os erros do passado na construção do presente e as perspectiva de futuro do negócio para se manter na vanguarda. “O sucesso em algum nível nos fez mal.”

Martins sabia que tinha que mudar e não sabia o que, para romper o período de não crescimento. “Nosso produto não era ruim, mas o mercado tinha um teto”, avalia. Foi quando ele “puxou o freio de arrumação”, foi passar uma temporada no Vale do Silício e votou com a decisão de transformar o negócio.

Inspirado nos cidadãos da Estônia, que se utilizam da ID para diversas funcionalidades, como acessar o histórico médico e votar, ele elegeu um novo nicho de mercado e deu a volta por cima. “A Estônia é um exemplo de sociedade que eliminou a burocracia por meio de uma identidade única e são esses os valores que queremos trazer para nossa marca e para o dia a dia dos brasileiros.”

Um imagem sem retoque de que as mudanças na empresa foram decisivas para o sucesso pode ser ilustrada pelos resultados de 2020. A empresa dobrou o lucro em relação ao ano anterior, de R$ 70 milhões em 2019, e projetam para este ano cerca de R$ 150 milhões.

O grande salto também pode ser aferido pelos primeiros aportes econômicos que a empresa recebeu em sua história. Ela atraiu os fundos internacionais General Atlantic e SoftBank Latin America Fund, que investiram R$ 580 milhões na IDTech em setembro.

É o segundo aporte recebido pela startup em menos de um ano, sendo o primeiro em janeiro, da Igah Ventures, no valor de R$ 40 milhões. A escalada trouxe o desafio de mudar, mas mantendo a essência. “O mercado é gigantesco, temos muito o que crescer”, conclui Martins.